O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, fez um apelo a seus aliados nesta sexta-feira (7) para que "façam mais" para apoiar Kiev frente à invasão russa, durante uma visita à França na qual seu contraparte americano, Joe Biden, comunicou uma nova ajuda.
"Vivemos em uma época em que a Europa já não é um continente de paz" devido à invasão russa na Ucrânia, declarou Zelensky na Assembleia Nacional francesa (Câmara Baixa), um dia após participar das comemorações dos 80 anos do Desembarque dos aliados na Normandia, durante a Segunda Guerra Mundial.
O presidente ucraniano traçou um panorama no qual "novamente na Europa as cidades são completamente destruídas e as cidades, incendiadas", e descreveu o seu homólogo russo, Vladimir Putin, como um "inimigo comum" da Ucrânia e do continente europeu.
Zelensky espera que a cúpula internacional da paz marcada para 15 e 16 de junho na Suíça, na qual a Rússia não participará, possa aproximar Kiev de um "final justo" para a guerra e fez um apelo aos seus aliados para que "façam mais" para atingir este objetivo. "Podemos vencer esta batalha? Claro que sim, acrescentou ele.
Nos últimos meses, Kiev pediu de forma reiterada que seus aliados ocidentais aumentassem o seu apoio militar diante do avanço de Moscou no leste e no norte da Ucrânia.
O grupo armamentista franco-alemão KNDS oficializou nesta sexta-feira a criação de uma filial na Ucrânia que permitirá a produção de equipamentos e munições em solo ucraniano.
Os aliados do país, incluindo o presidente francês, Emmanuel Macron, que receberá Zelensky nesta sexta à tarde, estão preocupados com as consequências no conflito de uma possível vitória de Donald Trump nas próximas eleições presidenciais nos Estados Unidos.
- "Enorme apoio" - Zelensky e Biden aproveitaram a viagem à França para as comemorações dos 80 anos do 'Dia D', que abriu caminho à vitória dos aliados contra a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, para se reunirem nesta sexta em Paris.
No início do encontro, Biden anunciou uma nova ajuda dos Estados Unidos de 225 milhões de dólares (1,18 bilhão de reais na cotação atual).
"Os Estados Unidos sempre estarão com vocês", disse o presidente americano a Zelensky, que agradeceu ao "grande apoio" de Washington.
"Vocês não cederam", acrescentou o democrata, que apresentou suas "desculpas" a Zelensky pelos meses de negociações antes da complexa adoção de um pacote de ajuda à Ucrânia pelo Congresso americano.
Durante uma entrevista televisiva na quinta-feira (6), Macron anunciou o fornecimento de caças Mirage 2000-5 para Kiev, além do treinamento de pilotos ucranianos na França "até ao final do ano".
O presidente francês, que não especificou o número destas aeronaves, também voltou a mencionar um possível envio de instrutores europeus para solo ucraniano, à pedido de Kiev.
Embora não tenha confirmado esta última medida, a declaração foi repudiada pela Rússia.
"Macron mostra apoio absoluto ao regime ucraniano e declara que a República Francesa está disposta a participar diretamente no conflito militar", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, às agências russas.
Questionado pela imprensa, o mandatário francês negou que as medidas representem "um fator de escalada" contra Moscou. Acrescentou ainda que mesmo a opção de treinar soldados ucranianos na "região oeste, que é uma zona livre da Ucrânia", não seria um gesto "agressivo".
Durante as comemorações do Desembarque da Normandia, Biden já havia traçado um paralelo entre a luta dos ucranianos contra as tropas russas e a batalha para libertar a Europa da Alemanha nazista.
O presidente americano deverá fazer um novo discurso às 16h00 (11h00 em Brasília) em Pointe du Hoc, um promontório na Normandia que as tropas americanas capturaram dos soldados alemães em 6 de junho de 1944.
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