Calor extremo pode causar danos à saúde ou até a morteReprodução
'Assassino silencioso'
É desencadeado pela exposição prolongada ao calor e outros fatores ambientais que, juntos, minam a capacidade interna do corpo humano de regular a temperatura.
"O calor é um assassino silencioso, porque os sintomas não são evidentes", explica Alejandro Sáez Reale, da Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Bebês, idosos, pessoas com problemas de saúde e trabalhadores ao ar livre são particularmente vulneráveis. Moradores das cidades, cercados por concreto, tijolos e outras superfícies que absorvem calor, também enfrentam riscos elevados.
A OMM estima que o calor mate cerca de meio milhão de pessoas por ano, embora o número verdadeiro seja desconhecido e possa ser 30 vezes maior, segundo a organização.
À medida que as mudanças climáticas tornam as ondas de calor mais longas, intensas e frequentes, o planeta ficará cada vez mais exposto a condições que testam os limites da resistência humana.
Mais que uma temperatura máxima
Por exemplo, a mesma temperatura pode ser sentida de forma muito diferente em um lugar em comparação a outro: 35º C em um deserto não é o mesmo que em uma floresta.
Para um panorama mais amplo, os cientistas consideram vários fatores além da temperatura, como a umidade, a velocidade do vento, o vestuário, a luz solar direta e até a quantidade de cimento ou vegetação na área.
Todos esses fatores desempenham um papel importante na forma como o corpo percebe e, o mais importante, responde ao calor extremo.
Há muitas maneiras de medir o estresse térmico, algumas já existem há décadas, mas todas tentam simplificar diferentes leituras ambientais em um único número ou gráfico.
'Sensação térmica'
O "bulbo" é o reservatório de mercúrio de um termômetro tradicional, envolto em um pano úmido, cuja evaporação serve para medir a temperatura úmida do ar.
Apenas seis horas de exposição a 35ºC com 100% de umidade são suficientes para matar uma pessoa saudável, disseram cientistas em 2023. Acima desse limite, o suor não consegue evaporar da pele e o corpo superaquece e morre.
O Copernicus, o observatório climático da UE, utiliza o Índice Térmico Climático Universal (UTCI, Universal Thermal Climate Index), que considera a temperatura e a umidade, mas também o vento, a luz solar e o calor irradiado para classificar os níveis de estresse térmico de moderado a moderado extremo.
O estresse causado pelo calor extremo, segundo esse índice, ocorre quando a "sensação térmica" atinge 46º C ou mais, momento em que é necessário agir para evitar riscos à saúde.
O Índice de Calor (Heat Index), usado pelo Serviço Nacional de Meteorologia(NWS, National Weather Service) dos Estados Unidos, oferece uma "temperatura aparente" baseada no calor e na umidade na sombra, e um gráfico codificado por cores que indica a probabilidade de doença por exposição.
O Canadá desenvolveu a classificação Humidex, que combina calor e umidade em um único número para refletir a "sensação térmica".
Limitações
O UTCI, por exemplo, é excelente para medir o estresse térmico na Alemanha, onde foi criado, mas é "uma medida muito fraca" em países do sul, disse. Nestes países, é melhor utilizar o método de temperatura de bulbo úmido.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.