Papa FranciscoAFP

A Igreja Católica espanhola aprovou nesta terça-feira (9) um plano para reparar as vítimas de abusos sexuais dentro da instituição, uma iniciativa que espera estar funcionando em alguns meses, mas que enfrenta oposição do governo, que a considera unilateral e insuficiente.
Este anúncio ocorre diante da crescente pressão do governo do socialista Pedro Sánchez, que insta a Igreja, criticada pelas vítimas por sua falta de transparência e progresso em direção às indenizações, a compensar os afetados.
"Aprovamos as linhas gerais deste chamado plano de reparação integral das vítimas de abusos", anunciou em coletiva de imprensa o presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), Luis Argüello.
Os bispos criaram um comitê para avaliar cada caso e determinar o nível específico de compensação, segundo Argüello.
No entanto, o governo, que em abril propôs a criação de um fundo estatal financiado pela Igreja para indenizar as vítimas, é contra o projeto.
"O governo não aceitará em nenhuma circunstância um sistema unilateral como o proposto", afirmou o Ministério da Justiça na segunda-feira, em um comunicado divulgado após o ministro Felix Bolaños se reunir com associações de vítimas.
"O plano da Igreja não inclui a participação das vítimas, não é obrigatório para as dioceses e suas resoluções não são vinculativas, portanto, a reparação não é garantida em nenhum momento", acrescentou o texto.
Várias organizações de vítimas denunciaram que não foram consultadas pela Igreja na preparação do plano de reparações.
Após anos de negação, a Igreja Católica da Espanha concordou em 2022 em investigar os abusos sexuais a menores em seu meio, a exemplo da instituição em países como França, Alemanha, Irlanda, Estados Unidos e Austrália.
Um relatório de uma comissão independente encomendada pelo Parlamento estimou que desde 1940 mais de 200 mil menores sofreram abusos sexuais por parte de religiosos católicos.
A Igreja pediu uma auditoria a um escritório de advocacia que identificou pelo menos 2.056 vítimas.
No entanto, a CEE, crítica tanto do relatório da comissão independente quanto da auditoria, emitiu seu próprio relatório, que cita 1.057 "casos registrados" em suas diferentes dioceses, mas apenas 358 "provados" ou "verossímeis".