Energias eólica e solar são renováveis, sendo a China um destaque na produção de ambasPixabay

A China consolida a sua posição de líder mundial em energias renováveis, construindo atualmente o dobro da capacidade eólica e solar do resto do mundo, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira (11).

O país, com 1,4 bilhão de habitantes e numerosas fábricas, é o maior emissor mundial de gases de efeito estufa, que, segundo os cientistas, aceleram a mudança climática. A China se comprometeu a estabilizar ou reduzir suas emissões até 2030 e alcançar a neutralidade do carbono até 2060.

Para tentar cumprir estes objetivos, está expandindo significativamente a sua capacidade de energia renovável, construindo atualmente 180 gigawatts (GW) adicionais de energia solar e 159 GW de energia eólica, de acordo com um estudo da ONG Global Energy Monitor (GEM), sediada nos Estados Unidos.

Segundo o relatório, este total de 339 GW "representa 64% da energia solar e eólica (...) atualmente em construção" no planeta, quase o dobro da produção mundial.

A lista é seguida pelos EUA (40 GW), Brasil (13 GW), Reino Unido (10 GW) e Espanha (9 GW), de acordo com esta organização que enumera projetos de energia fóssil e renovável em todo o mundo.

Carbono persiste
Os 339 GW representam um terço de toda a nova capacidade eólica e solar anunciada pelas autoridades nacionais e cuja construção já foi iniciada, "o que está bem acima" da média mundial de 7%, de acordo com o relatório.

"O contraste surpreendente entre estas duas percentagens ilustra a natureza ativa do compromisso da China na construção de projetos de energias renováveis", enfatiza.

A China, no entanto, ainda depende amplamente de suas usinas a carvão, um combustível fóssil altamente poluente, para satisfazer a sua crescente demanda por eletricidade.

Também enfrenta dificuldades para transportar parte da energia renovável produzida em regiões remotas para centros econômicos densamente povoados do leste.

Entretanto, sua capacidade combinada de energia eólica e solar deverá exceder a do carvão este ano, aponta o estudo do GEM.

De acordo com a investigação, esta rápida expansão das energias renováveis permite estimar que as emissões chinesas atinjam o seu pico mais cedo do que o esperado.

Ponto de virada
O país asiático também não concedeu novas licenças para usinas siderúrgicas a carvão no primeiro semestre de 2024, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira (11) pelo Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (Crea, na sigla em inglês).

A investigação, que aborda um possível "ponto de virada", destaca que este é o primeiro semestre em que não são concedidas licenças deste tipo desde setembro de 2020, quando a China anunciou seus compromissos de emissões para 2030 e 2060.

"Com a demanda de aço na China que chega ao seu pico", existe "um potencial significativo para eliminar gradualmente a produção à base de carvão, representando uma oportunidade significativa para reduzir as emissões nos próximos 10 anos", afirmou o Crea.

Segundo os cientistas, o aquecimento global intensifica os eventos climáticos extremos e os torna mais frequentes. A China vive atualmente um verão marcado por um calor intenso no norte e chuvas torrenciais na metade sul do país, que causaram uma série de inundações e deslizamentos de terra mortais nas últimas semanas.