Putin alerta Otan para o possível uso de armas de longo alcance pela Ucrânia
Kiev solicita a flexibilização das restrições ao uso dos mísseis britânicos e americanos, capazes de atingir centros logísticos usados pelos bombardeiros russos
Putin diz que essa decisão, caso realizada, mudaria a própria natureza do conflito - Alexei Danichev / POOL / AFP
Putin diz que essa decisão, caso realizada, mudaria a própria natureza do conflitoAlexei Danichev / POOL / AFP
O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou nesta quinta-feira (12) que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) estaria em guerra contra a Rússia se a aliança militar autorizasse a Ucrânia a usar armamento ocidental de longo alcance.
"Esta decisão mudaria de maneira significativa a própria natureza do conflito e significaria que os países da Otan, os Estados Unidos, os países europeus, estão em guerra com a Rússia", disse Putin a um jornalista da televisão estatal. "Neste caso (...), tomaremos as decisões apropriadas com base nas ameaças que enfrentarmos", advertiu.
Devido à invasão russa em fevereiro de 2022, a Ucrânia pede a flexibilização das restrições ao uso dos mísseis britânicos Storm Shadow e americanos ATACMS, que têm alcance de centenas de quilômetros e permitiriam atingir centros logísticos e aeródromos usados pelos bombardeiros russos.
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, prometeu na quarta-feira, em Kiev, tratar "com urgência" esses pedidos e indicou que a questão será discutida na sexta-feira em Washington pelo presidente Joe Biden e pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.
Contraofensiva russa em Kursk
Antes da intervenção de Putin, o Exército russo assegurou que havia recuperado dez localidades em dois dias na região fronteiriça de Kursk, onde as tropas ucranianas lançaram no mês passado uma incursão que pegou Moscou de surpresa.
Segundo a Ucrânia, seus soldados tomaram cerca de 100 localidades e quase 1.300 km² de território russo desde a incursão iniciada no início de agosto.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, confirmou essa contraofensiva, embora tenha afirmado que a resposta de Moscou "se ajusta ao plano" que seu país tem, sem dar mais detalhes. Ele criticou os atrasos de seus aliados em responder aos seus pedidos.
Até agora, os Estados Unidos não autorizaram Kiev a atacar alvos na Rússia com suas armas de longo alcance, por temer uma escalada bélica. "Se for necessário, nos adaptaremos, especialmente no que diz respeito aos meios com os quais a Ucrânia pode se defender efetivamente contra a agressão russa", declarou Blinken em Varsóvia.
Avanço russo no Donbass
A entrada armada ucraniana no território inimigo não diminuiu a pressão das tropas russas no leste da Ucrânia, que se aproximam de Pokrovsk, um centro logístico no Donbass.
Zelensky informou que um bombardeio russo na quinta-feira matou três ucranianos em veículos do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). Ele também acusou a Rússia de atacar um navio com trigo para o Egito no mar Negro.
A prefeitura de Pokrovsk indicou que a proximidade dos combates a obrigou a cortar o fornecimento de água na cidade, que tinha 53 mil habitantes antes da guerra.
O governador de Donetsk, Vadim Filashkin, relatou a destruição do sistema de gás. "Cada dia há menos lojas em Pokrovsk e as condições de vida pioram", disse no Telegram. A prefeitura pediu novamente a evacuação dos moradores, afirmando que a situação não melhorará em breve
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