Kamala HarrisAFP

A vice-presidente e candidata democrata às eleições presidenciais de novembro Kamala Harris condenou, nesta terça-feira (17), as leis restritivas ao aborto nos Estados Unidos, após a publicação de um artigo do veículo de comunicação ProPublica sobre a morte de uma mulher por falta de cuidados médicos.
Amber Thurman, de 28 anos, morreu em agosto de 2022 devido a complicações após ingerir uma pílula abortiva para interromper uma gravidez.
Uma comissão oficial do estado da Geórgia (sul) determinou que sua morte era "evitável" se ela tivesse sido submetida a uma intervenção a tempo de salvar sua vida.
Na época, uma lei recentemente aprovada tornava crime o procedimento conhecido como dilatação e curetagem, que visa esvaziar o útero, com raras exceções.
"Esta jovem mãe deveria estar viva, criando o seu filho e perseguindo seu sonho" de estudar enfermagem, disse Kamala em comunicado.
Thurman, que já tinha um filho, teve que viajar à Carolina do Norte para abortar, já que a prática não era permitida na Geórgia após as seis semanas de gestação.
Depois de tomar a pílula abortiva (mifepristona e misoprostol), começou a sangrar mais do que o normal e foi para o hospital. Os médicos confirmaram que ela não havia expelido todo o tecido fetal e a diagnosticaram com "septicemia aguda".
Mas apesar da rápida deterioração de seu estado de saúde, o hospital esperou 17 horas antes de realizar o procedimento de dilatação e curetagem. Thurman morreu durante a operação.
Em 2022, a Suprema Corte, de maioria conservadora, sobretudo desde o mandato de Donald Trump, deixou nas mãos dos estados a possibilidade de legislar localmente sobre o direito ao aborto, que se tornou uma das grandes questões dos comícios antes das eleições presidenciais de 5 de novembro.
"Em mais de 20 estados, as proibições de Trump ao aborto impedem os médicos de prestar assistência médica básica", denunciou Kamala.
Também alertou que se seu adversário republicano nas eleições "tiver a oportunidade, assinará uma proibição nacional do aborto". "Temos que aprovar legislação para restaurar a liberdade reprodutiva", concluiu.
Na segunda-feira, organizações americanas de defesa dos direitos das mulheres declararam que estas proibições devastadoras "atrasaram os cuidados de rotina que salvam vidas", protestou Mini Timmaraju, da Reproductive Freedom for All, em comunicado.
Segundo a ProPublica, que consultou documentos confidenciais, esta é a primeira morte "evitável" relacionada a um aborto divulgada oficialmente nos Estados Unidos.
"Ela morreu no hospital cercada por pessoal médico que poderia ter salvado sua vida. Este é o resultado da proibição do aborto", escreveu a escritora feminista Jessica Valenti na rede social X.