Acidificação está relacionada à absorção de dióxido de carbono (CO2) pelos oceanosAFP
Acidificação dos oceanos logo vai superar limite de alerta, segundo cientistas
Relatório foi divulgado pelo Instituto Potsdam para a Pesquisa do Impacto Climático (PIK)
A crescente acidificação dos oceanos leva a Terra a atravessar um novo limiar de alerta que afetará a estabilidade planetária, sua capacidade de resiliência e sua habitabilidade, segundo um relatório do Instituto Potsdam para a Pesquisa do Impacto Climático (PIK).
Há 15 anos, os cientistas definiram nove “limites planetários”, fronteiras que a humanidade não deveria cruzar se deseja permanecer em uma “zona de funcionamento segura”.
Como resultado das atividades humanas, seis desses limites já foram ultrapassados e, de acordo com um novo relatório publicado nesta segunda-feira (23), um sétimo, a acidificação dos oceanos, está prestes a ser superado “em um futuro próximo”.
Os seis limites amplamente violados se referem às mudanças climáticas, desmatamento, perda de biodiversidade, proliferação de produtos químicos sintéticos (incluindo plásticos), escassez de água doce e o equilíbrio do ciclo do nitrogênio (insumos agrícolas).
A situação segue piorando, destaca o Planetary Health Check, um relatório sobre a saúde do planeta que agora será atualizado anualmente.
A acidificação está relacionada à absorção de dióxido de carbono (CO2) pelos oceanos: à medida que as emissões desse gás de efeito estufa continuam a aumentar, o pH da água do mar diminui, tornando-se prejudicial para muitos organismos - como corais, conchas, plâncton - e, em última instância, para toda a cadeia alimentar marinha.
Esse fenômeno também reduz a capacidade dos oceanos de absorver o CO2 presente na atmosfera.
"Embora as emissões possam ser rapidamente reduzidas, um certo nível de acidificação contínua pode ser inevitável devido ao CO2 já emitido e ao tempo de resposta do sistema oceânico", explica Boris Sakschewski, um dos principais autores do Planetary Health Check.
"Portanto, superar o 'limite' da acidificação oceânica parece inevitável nos próximos anos", acrescenta este pesquisador do PIK.
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