Pentágono afirma que Coreia do Norte enviou 10 mil militares à RússiaAFP
Moscou e Pyongyang intensificaram sua cooperação militar desde o início da invasão russa à Ucrânia em fevereiro de 2022, mas a participação de tropas norte-coreanas nos combates representaria um grande passo adiante.
"Acreditamos que a RPDC [República Popular e Democrática da Coreia, o nome oficial da Coreia do Norte] enviou cerca de 10.000 soldados no total para treinar no leste da Rússia, o que provavelmente aumentará as forças russas perto da Ucrânia nas próximas semanas", disse a jornalistas a subsecretária de imprensa do Pentágono, Sabrina Singh.
"Algumas" dessas tropas "já estão próximas da Ucrânia", acrescentou.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, classificou o envio de tropas norte-coreanas como "muito perigoso".
No terreno, o Exército russo avançou 478 km² em território ucraniano desde o início de outubro, seu maior ganho territorial em um mês desde março de 2022 e as primeiras semanas da guerra, segundo uma análise da AFP baseada em dados do Instituto Americano para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês).
Até 27 de outubro, as forças russas tinham ganhado mais terreno do que em agosto e setembro (477 e 459 km²), meses que ficaram marcados por importantes movimentos na linha de frente, em particular no leste da Ucrânia, em torno da cidade de Pokrovsk.
'Escalada perigosa'
"Posso confirmar que tropas norte-coreanas foram enviadas à Rússia e que unidades militares norte-coreanas foram deslocadas para a província de Kursk", disse ele, referindo-se a uma "escalada perigosa".
De acordo com Rutte, o fortalecimento da cooperação militar entre Rússia e Coreia do Norte representa uma "ameaça para a segurança da região Indo-Pacífica e Euro-Atlântica".
Em troca do envio de tropas, a Rússia "fornece à Coreia do Norte tecnologia militar e outros tipos de auxílio para contornar as sanções internacionais", acrescentou.
Mas o uso de tropas norte-coreanas "também é um sinal do crescente colapso" de Vladimir Putin, afirmou Rutte.
"Mais de 600.000 soldados russos morreram ou foram feridos na guerra" desencadeada pelo presidente russo, "incapaz de continuar seu ataque à Ucrânia sem apoio estrangeiro".
Após um telefonema com o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, destacou a virada que representa o envio, "pela primeira vez", de soldados norte-coreanos "em apoio à guerra de agressão da Rússia".
EUA, China e seus vizinhos
"Fizemos contato com a China sobre este assunto para que eles soubessem que estamos preocupados e que eles também deveriam estar pela ação desestabilizadora de dois de seus vizinhos, Rússia e Coreia do Norte", disse à imprensa o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, lembrando que Pequim tem uma "voz influente" na região.
Na semana passada, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, pediu ao Ocidente punições para a parceria entre Rússia e Coreia do Norte.
"As sanções não bastam. Precisamos de armas e de um plano claro para impedir que a Coreia do Norte se envolva mais na guerra na Europa", instou o chefe de gabinete de Zelensky, Andriy Yermak, na rede X.
"Hoje, a Rússia está envolvendo a Coreia do Norte; mais adiante, poderia ampliar seu envolvimento e outros regimes autocráticos poderiam ver que podem conseguir o que querem e vir lutar contra a Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte]", advertiu.
"O inimigo entende a força. Nossos aliados têm essa força", concluiu o chefe de gabinete de Zelensky, referindo-se à ajuda militar que Kiev espera de seus aliados para se contrapor a Moscou.
Por sua vez, a Coreia do Norte garantiu que qualquer destacamento de soldados na Rússia estaria de acordo com o direito internacional, sem confirmar nem desmentir sua presença.
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