Naim Qassem, líder do Hezbollah Reprodução/Internet

O novo líder do Hezbollah, Naim Qasem, afirmou, nesta quarta-feira (30), que o movimento islamista libanês tem capacidade de continuar os combates contra o exército israelense, apesar dos golpes recebidos, mas que aceitaria um cessar-fogo sob certas "condições".

Israel, em guerra aberta com o Hezbollah desde setembro, bombardeou nesta quarta-feira redutos do grupo xiita no Líbano, incluindo a cidade de Baalbek, no leste, provocando uma fuga em massa de habitantes.

Um bombardeio próximo a Nabatieh, no sul, matou o número dois da força de elite do Hezbollah, Mustafa Ahmad Shahadi, indicou o exército israelense.

Sua morte se soma à longa lista de altos dirigentes do movimento assassinados por Israel, incluindo seu ex-líder, Hassan Nasrallah, morto em um bombardeio israelense no dia 27 de setembro.

Em seu primeiro discurso desde que foi nomeado na terça-feira, Naim Qasem prometeu manter o "plano de guerra" de seu antecessor e afirmou que o Hezbollah "começou a se recuperar" após os "dolorosos golpes" de Israel.

No entanto, ele sustentou que aceitaria um cessar-fogo com Israel sob algumas condições, embora tenha ressaltado que não há sobre a mesa nenhum acordo viável.

Israel exige a retirada do Hezbollah do sul do Líbano, o destacamento do exército libanês ao longo da fronteira israelense e um mecanismo internacional para fazer cumprir a trégua, segundo meios de comunicação.

O Hezbollah prometeu lutar até o fim contra a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, em apoio ao seu aliado Hamas.

Evacuações em massa 
A guerra se estendeu há mais de um mês ao Líbano, onde Israel intensificou os bombardeios contra posições do Hezbollah desde 23 de setembro, paralelamente a uma ofensiva terrestre lançada em 30 de setembro no sul do país.

Israel afirma que quer neutralizar o Hezbollah nesta região fronteiriça para permitir o retorno de 60.000 habitantes do norte do país que foram deslocados pelos foguetes lançados pelo grupo libanês contra o território israelense há mais de um ano.

No leste do Líbano, os habitantes da milenar cidade de Baalbek fugiram em massa após uma ordem de evacuação do exército israelense, alertando que iriam "agir com força" contra os interesses do Hezbollah na cidade e arredores. Israel também ordenou a evacuação de Nabatieh.

Segundo a agência de notícias libanesa, NNA, cerca de 10 localidades foram bombardeadas no sul, enquanto os combates se intensificaram no município de Khiam, a cerca de seis quilômetros da fronteira.

O Hezbollah anunciou que lançou "um esquadrão de drones de ataque" contra uma base militar perto de Haifa, no norte de Israel.

Pelo menos 1.754 pessoas morreram desde 23 de setembro no Líbano, segundo um levantamento da AFP baseado em dados oficiais.

'Trégua "de um mês'
Os bombardeios israelenses também prosseguiram nesta quarta-feira em Gaza, enquanto os países mediadores finalizam uma proposta para uma curta trégua, "de menos de um mês".

A proposta também contempla a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos e um aumento da ajuda humanitária no território palestino. Catar, Egito e Estados Unidos estão há meses tentando forjar um acordo de trégua entre Israel e Hamas.

A última rodada de contatos em Doha terminou na segunda-feira com a participação do chefe do serviço de inteligência exterior israelense, David Barnea; do diretor da CIA, Bill Burns; e do primeiro-ministro catari, Mohamed bin Abdulrahman Al Thani.

A guerra em Gaza foi desencadeada em 7 de outubro de 2023, quando milicianos islamistas mataram 1.206 pessoas no sul de Israel, em sua maioria civis, e sequestraram 251, segundo um levantamento da AFP baseado em dados oficiais israelenses, que inclui os reféns mortos em cativeiro.

Em resposta, Israel lançou uma campanha contra o Hamas que deixou 43.163 mortos na Faixa de Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde desse território, considerados confiáveis pela ONU.

Grave situação humanitária 
Na terça-feira, um bombardeio israelense derrubou um edifício residencial e causou a morte de pelo menos 93 pessoas em Beit Lahia, no norte de Gaza, segundo a Defesa Civil do território palestino.

O Departamento de Estado dos EUA afirmou que o bombardeio foi um "incidente horrendo com um resultado horrendo" e um porta-voz disse que Washington havia pedido explicações a Israel.

O Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) apontou que esse foi apenas um dos sete incidentes com vítimas em massa ocorridos na última semana em Gaza.

Esta agência também alertou que "em outubro houve uma distribuição de alimentos muito limitada devido à grave escassez de suprimentos". Cerca de 1,7 milhão de pessoas, ou 80% da população do território, não recebeu ajuda alimentar, afirmou.

A situação pode se deteriorar ainda mais após o Parlamento israelense ter proibido nesta semana as atividades da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos, coluna vertebral da ajuda que entra em Gaza, acusando-a de ter membros do Hamas infiltrados.

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, instou nesta quarta-feira suas tropas a manter a "pressão" em Gaza para obter a libertação dos reféns sequestrados há mais de um ano pelo movimento islamista palestino.

Dos 251 sequestrados, 97 continuam cativos em Gaza, incluindo 34 que foram declarados mortos pelo exército israelense.