Gisèle Pelicot tornou-se uma ícone feministaClement Mahoudeau / AFP

Gisèle Pelicot disse nesta quinta-feira (19) que "respeita" as sentenças contra seus estupradores, incluindo seu ex-marido Dominique, no final de um grande julgamento midiático na França, e disse que estava pensando "nas vítimas não reconhecidas" em casos de estupro.
"Estou pensando nas vítimas não reconhecidas, cujas histórias muitas vezes permanecem nas sombras. Quero que saibam que compartilhamos da mesma luta", disse a mulher de 72 anos em uma breve declaração à imprensa.
Seu ex-marido, de 72 anos, foi condenado à pena máxima de 20 anos de prisão por ter lhe administrado secretamente, entre 2011 e 2020, remédios para adormecê-la e por estuprá-la juntamente com dezenas de estranhos contatados online.
O tribunal correcional de Avignon, no sul de França, impôs penas entre 3 anos de prisão, duas com suspensão condicional, e 15 anos para os demais réus, abaixo das solicitadas pelo Ministério Público.
"Os filhos estão decepcionados com as penas baixas", disse um membro da família, que pediu anonimato.
A mulher tornou-se um ícone feminista por renunciar a um julgamento a portas fechadas, ao qual as vítimas têm direito, para que "a vergonha mude de lado", uma decisão da qual "nunca" se arrependeu, afirmou nesta quinta-feira.
"Estou confiante da nossa capacidade de alcançar coletivamente um futuro em que todos, mulheres e homens, possam viver em harmonia, com respeito e compreensão mútuos", acrescentou.
 
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