Presidente russo, Vladimir PutinAFP

O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira (19) que está disposto a reunir-se "a qualquer momento" com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que recentemente exigiu um cessar-fogo e que a Rússia e a Ucrânia negociassem uma solução para o conflito.
"Não sei quando vou vê-lo (...) Não falo com ele há mais de quatro anos, mas estou preparado para isso, claro. disse o presidente em sua conferência de imprensa de final de ano.
"E também estarei pronto para uma reunião, se ele quiser", acrescentou o líder de 72 anos.
Desde que Putin chegou ao poder, há 25 anos, esta sessão de perguntas e respostas tem acontecido quase todos os anos, em vários formatos.
É transmitido ao vivo pela televisão e assistido por milhões de pessoas. Desta vez, foi organizado um mês antes do retorno de Donald Trump à Casa Branca, em 20 de janeiro.
O republicano prometeu em sua campanha eleitoral pôr fim rapidamente ao conflito e apelou a um "cessar-fogo imediato" e ao diálogo.
Mas os europeus e os ucranianos temem que Trump possa forçar Kiev a fazer grandes concessões e entregar uma vitória geopolítica ao Kremlin.
Putin considerou que a Rússia se tornou "muito mais forte nos últimos dois ou três anos".
Vladimir Putin mostrou-se confiante, considerando que a situação está "mudando radicalmente" na linha de frente da Ucrânia, onde seus soldados avançam por "quilômetros quadrados". Suas tropas ganham terreno a um ritmo não visto desde o início de 2022.
O Exército russo tomou as cidades ucranianas de Avdiivka em fevereiro e Vugledar em outubro, e está às portas de várias cidades de importância militar, como Pokrovsk, Kurakhove e Kupiansk.
Putin admitiu que não pode dar uma "data precisa" de quando seu Exército conseguirá expulsar as forças ucranianas da região russa de Kursk, à qual controlam uma pequena parte desde agosto, graças a uma ofensiva surpresa. "É claro que vamos derrotá-los", garantiu.
Esta ofensiva, a maior em território russo desde a Segunda Guerra Mundial, causa desconforto no Kremlin, que quer convencer a população de que a ofensiva na Ucrânia não tem impacto no cotidiano dos russos.
Os ucranianos ocupam centenas de quilômetros quadrados em Kursk, apesar das tentativas de expulsá-los por parte das tropas russas, que seriam apoiadas, segundo Kiev, por soldados norte-coreanos.
Putin também elogiou o novo míssil russo Oreshnik, uma "arma moderna" capaz de transportar uma carga nuclear e com um alcance de milhares de quilômetros.
A Rússia utilizou esse míssil pela primeira vez em 21 de novembro, contra a cidade ucraniana de Dnipro, em resposta, segundo Putin, aos bombardeios ucranianos em território russo com mísseis americanos e britânicos.
Nsta quinta-feira, o presidente desafiou o Ocidente para um "duelo de alta tecnologia do século XXI" entre o míssil Oreshnik e os meios de defesa antiaérea ocidentais.
"Deixe-os determinar um alvo, por exemplo, Kiev", disse Putin. "Vamos lançar um bombardeio lá e ver o que acontece."
O presidente russo afirmou que a queda do líder sírio Bashar al Assad, aliado de Moscou, não constitui uma "derrota" para a Rússia.
A Rússia enviou tropas para a Síria em 2015, em plena guerra civil, em apoio ao presidente Assad, e alcançou seu "objetivo", segundo Putin, que era "impedir a formação de um enclave terrorista".
Putin afirmou que tem "intenção" de se encontrar com Assad, que se refugiou na Rússia com sua família.
Na frente econômica, alegou que a situação é "estável, apesar das ameaças externas" e citou as baixas taxas de desemprego e o crescimento industrial.
No entanto, admitiu que a inflação é um "sinal preocupante" e que a alta dos preços de alimentos como a carne e a manteiga é "desagradável".