Taleb Jawad al Abdulmohsen era simpatizante da extrema-direita alemãX (antigo Twitter)/Reprodução
O último balanço do ataque é de cinco mortos e 200 feridos, mas ainda é provisório pois entre os feridos há cerca de 40 em estado grave.
As autoridades começaram, neste sábado, a desvendar as confusas motivações que levaram o suspeito, um médico psiquiatra de 50 anos, a cometer um "ato terrível", nas palavras do chanceler alemão, Olaf Scholz.
O suspeito, identificado como Taleb Jawad al Abdulmohsen, foi preso no local da tragédia, ao lado do veículo 4x4 com o qual avançou por 400 metros, atropelando uma multidão reunida no mercadinho natalino desta cidade alemã.
As autoridades descartaram qualquer motivação islamista. "Ao que parece, o pano de fundo do crime (...) pode ter sido o descontentamento com a forma como os refugiados sauditas são tratados na Alemanha", disse à imprensa o promotor Horst Walter Nopens.
Já a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, qualificou o suspeito, radicado na Alemanha desde 2006 e com estatuto de refugiado desde 2016, de um "islamofóbico" em vista de seus posicionamentos públicos.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, descreveu o ataque como um "acontecimento desprezível e obscuro" e afirmou estar em contato com as autoridades alemãs.
Nos últimos anos, ele manteve nas redes sociais um discurso radical, salpicado de teorias conspiratórias, sem omitir sua simpatia com as posições da extrema direita alemã contra a imigração muçulmana.
Criticava as autoridades alemãs por não protegerem o suficiente os sauditas que fugiam de seu país por razões religiosas ou politicas, embora se mostrassem generosas com os refugiados muçulmanos de outros países do Oriente Médio.
Em agosto, o suspeito escreveu em sua conta na rede X: "Existe um caminho para a justiça na Alemanha sem explodir uma embaixada alemã ou sem degolar aleatoriamente cidadãos alemães? Busco este caminho pacífico desde janeiro de 2019 e não o encontro".
Scholz, do Partido Social-Democrata (SPD), visitou o local da tragédia neste sábado, e fez um chamado à coesão nacional, prometendo agir "contra aqueles que querem semear o ódio".
Ele pediu aos alemães para permanecerem unidos, depois que o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) usou o ataque para denunciar a chegada de centenas de milhares de refugiados ao país nos últimos anos.
Vários moradores de Magdeburgo expressaram sua revolta e um deles instou Scholz a "dialogar com a AfD" sobre a política de acolhida aos refugiados.
"Quando tanta gente vem ao nosso país, é preciso ser mais vigilante. Agora pagamos o preço", avaliou outro morador, Michael Raarig, engenheiro de 67 anos. Ele declarou à AFP que estava "triste e chocado" com o atropelamento.
"Nunca pensei que isto poderia acontecer em uma cidade de uma província do leste da Alemanha", disse.
O ataque, ocorrido na sexta-feira por volta das 19h locais (15h de Brasília), se deu oito anos depois do atentado jihadista de 2016 em outro mercadinho de Natal em Berlim, no qual morreram 12 pessoas.
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