Abertura da exposição Mekukradjá Obikàrà: com os pés em dois mundos, no MAC: presença do cacique RaoniDivulgação/Ascom
O prefeito de Niterói, Axel Grael, destacou a preocupação da gestão municipal com a sustentabilidade.
“Niterói tem uma tradição ambientalista e temos mais da metade do nosso território protegido como área florestal e estamos implantando como unidades de conservação para que essas áreas permaneçam dessa forma. Nós queremos que os povos indígenas tenham a cidade de Niterói como uma cidade aliada, nós queremos que vocês reconheçam Niterói como um território que respeita, reconhece e quer ajudar vocês. É um orgulho recebê-los neste evento, em um museu que é uma marca da cidade de Niterói, projetado por Oscar Niemeyer”, afirmou o prefeito Axel Grael.
O ex-prefeito e atual secretário Executivo de Niterói, Rodrigo Neves, destacou a importância da chegada de uma exposição com esse tema na cidade.
“A exposição é uma iniciativa muito importante para conscientizar as novas gerações sobre a necessidade de preservar a natureza, os nossos recursos naturais para as atuais e futuras gerações. E também para valorizar os povos originários e defender a causa dos povos indígenas, porque essa é uma causa do Brasil. Niterói tem um vínculo muito forte com a história dos povos indígenas, e essa exposição fortalece esses laços, esses vínculos e esse compromisso da cidadania de Niterói, com um presente e um futuro mais sustentável”, destacou Rodrigo Neves.
A abertura da exposição foi marcada por cantos tradicionais apresentados por indígenas Kayapó e teve feira de artesanato, oficina de pintura corporal, mostra de filmes do Coletivo Beture e roda de conversa. A inauguração foi marcada pela presença do cacique Raoni, liderança Kayapó mundialmente reconhecida.
“Todos precisamos aproveitar para refletir e pensar em como preservar a natureza. Estamos vendo o que o aquecimento global faz com a Terra, que está cada vez mais quente, e são os próprios homens que estão fazendo isso, prejudicando a vida desse planeta. Todos nós, indígenas e não indígenas, precisamos pensar e refletir para que possamos viver juntos neste planeta e nesse mundo, com todos se respeitando. Estou muito feliz por estar aqui com vocês. Vamos pensar dessa forma. Vamos manter a floresta em pé. E para isso nós temos que estar juntos, sempre lutando pela justa causa de defender a natureza, os animais, os rios”, disse o cacique Raoni.
“Mekukradjá Obikàrà”, o conceito que inspirou e nomeia a mostra, pode ser traduzido para o português como “cultura impura”, resultado da mistura entre a modernidade e tradições Kayapó. Para retratar essa história, membros do Coletivo Audiovisual Beture, responsável pela curadoria da exposição, percorreram aldeias Kayapó para produzir materiais que desconstroem estereótipos sobre a população indígena e fortalecem a cultura da comunidade através de um olhar voltado para o futuro mas que respeite e honre o passado.
Um grupo de cineastas Kayapó viajou por algumas aldeias para produzir materiais que se unem a retratos e vídeos do acervo do Coletivo. Eles se juntam com uma grande tela pintada por 15 mulheres Kayapó durante o Acampamento Terra Livre (ATL) de 2023, fotografias e arquivos históricos.
A arquitetura circular do MAC remete às aldeias Kayapó construídas em círculo com a ngá (casa dos homens) no centro e permitirá que o público se transporte ao local de origem dos indígenas e se sinta parte da comunidade. Os espaços contendo fotos, vídeos, obras de artesanato e peças históricas representam diferentes aspectos da cultura e das tradições Kayapó. Por meio das instalações, os visitantes podem conhecer lideranças Kayapó, adornos usados nas festas e rituais até chegarem ao último espaço, dedicado à modernização das tradições.
A Exposição Mekukradjá Obikàrà: com os pés em dois mundos é realizada pelo Tradição e Futuro na Amazônia (TFA), projeto patrocinado pelo Programa Petrobras Socioambiental e gerido pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO). A Conservação Internacional Brasil e as organizações representativas parceiras do projeto, os institutos Kabu e Raoni e a Associação Floresta Protegida apoiam a iniciativa.
O Coletivo Beture é um movimento dos Mekarõ opodjwyj – cineastas e comunicadores indígenas Mbêngôkre-Kayapó. A denominação vem de uma formiga, encontrada no território Kayapó, que tem como característica uma mordida bastante potente, a cabeça vermelha e a bunda preta, mesmas cores usadas pelos indígenas desta etnia quando se pintam para a guerra.
Surgido em 2015, o Beture tem contribuído para organizar e estruturar um movimento da juventude que vem surgindo em muitas comunidades. A juventude Mbêngôkre-Kayapó deseja registrar a vida e a cultura de seu povo por meio de tecnologias audiovisuais e diversas mídias. Hoje o coletivo desempenha um papel fundamental na conquista de reconhecimento cultural assim como na visibilidade das estruturas políticas. Desde então, formações audiovisuais têm sido realizadas com o objetivo de potencializar as produções do coletivo e ofertar aos cineastas mais conhecimento sobre as técnicas de captação de imagens, de roteirização e edição.
O trabalho dos Mekarõ opodjwyj também tem o objetivo duplo de construir um caminho profissionalizante para garantir uma fonte alternativa de renda para o povo Mbêngôkre-Kayapó, assim como gerar a possibilidade de jovens lideranças de participar em mobilizações políticas e trocas de conhecimento com outros povos. O audiovisual passou então a ser um instrumento dos mais potentes para o fortalecimento cultural: os Mbêngôkre-Kayapó deixam de ser apenas objeto de estudo para fazer seus próprios registros sobre a vida, atividades cerimoniais e cotidianas.
O Beture tem uma produção de cerca de 30 filmes por ano, que geralmente tratam sobre: metoro - festas de nominação, eventos políticos, e alguns filmes de ficção que representam narrativas oriundas da mitologia Mbêngôkre-Kayapó, geralmente transmitida oralmente pelos velhos. Os filmes circulam bastante nas comunidades e são muito bem recebidos nas aldeias Mbêngôkre-Kayapó. Esses filmes também circulam amplamente atingindo outros públicos a nível regional, nacional e internacional.
SERVIÇO
Local: Mezanino do Museu de Arte Contemporânea – MAC Niterói Endereço: Mirante da Boa Viagem, s/nº - Boa Viagem, Niterói - RJ
Horário de funcionamento: Terça a Domingo, 10h às 18h Classificação Indicativa: 14 anos.
Valor do ingresso: R$16,00 (inteira) e R$8,00 (meia)
Gratuidades: Crianças menores de 7 anos; estudantes da rede pública (fundamental e médio); moradores e naturais de Niterói; servidoras/es públicos municipais de Niterói; pessoas com deficiência; visitante que chegar ao museu de bicicleta. Às quartas-feiras a visitação é gratuita para todo mundo!
Meia-entrada: Pessoas com mais de 60 anos; estudantes de escolas particulares e universidades; ID Jovem: pessoas de baixa renda com idade entre 15 e 29 anos que estejam inscritas no CadÚnico; professoras/es.
Local de venda dos ingressos: Sympla e Bilheteria do MAC.
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