MPB4 e Chico Buarque: parceria para comemorar 60 anos do grupoDivulgação/Ascom

Niterói – O MPB-4 é um conjunto vocal que foi iniciado como trio em Niterói, no ano de 1962, composto por Ruy Alexandre Faria, Aquiles Rique Reis e Milton Lima dos Santos (Miltinho) – tendo como estreia a apresentação no Centro Popular de Cultura (CPC), da União Nacional dos Estudantes (UNE). E, após completarem 60 anos de carreira como referência da música brasileira para o mundo, o grupo lança o primeiro single comemorativo.
Angélica, parceria de Miltinho com Chico Buarque, chega às plataformas digitais no próximo dia 17. O álbum comemorativo de 60 anos de carreira do MPB4 será lançado, pela Biscoito Fino e este primeiro single é dedicado ao Quarteto em Cy. Angélica foi gravada originalmente em 1978, pelo quarteto formado, à época, por Cynara, Cyva, Dorinha e Sônia. Além do mais, Angélica é a única parceria de Chico Buarque com um integrante do MPB4.
“Eu me sinto muito honrado com a presença do Chico no nosso álbum, ainda mais porque ele pediu para gravar nossa música”, exalta Miltinho, que entregou a melodia para Chico botar letra nos idos anos 1970. Aquiles, Miltinho, Dalmo Medeiros e Paulo Malaguti Pauleira encontraram Chico Buarque no estúdio da Biscoito Fino para gravar, juntos pela primeira vez, Angélica. De cara, Chico percebeu que faltava um trecho da letra que ele havia feito inspirado na luta da estilista de moda Zuzu Angel (1921-1976) para encontrar os assassinos do filho Stuart Angel. “Cadê o sino?”; “Que sino?”; “Tá faltando a parte da letra que fala no sino”. Os integrantes do MPB4 foram checar, e Chico estava certo. “Não fizemos o dever de casa direito”, brincou Aquiles. Incluído o trecho esquecido – “Quem é essa mulher que canta como dobra um sino?” –, foi só começar a gravação em clima de velhos amigos cheios de histórias para recordar. E são muitas desde os tempos de TV Record, futebol, viagens e divertidos brainstorms para criarem espetáculos que conseguissem driblar a censura.
Chico lembra que foi natural a identificação entre ele e o grupo, cujos integrantes militavam em movimentos estudantis. A incipiente obra de Chico já tinha cunho político-social, e não demorou para “Roda viva” uni-los num festival. Aliás, a própria canção Angélica é uma canção política. Depois de tentar, durante cinco anos, encontrar os assassinos do filho, ela mesma foi vítima da ditadura. Inclusive, Zuzu tinha revelado para Chico que estava sendo ameaçada e que, caso morresse, os assassinos seriam aqueles que haviam tirado a vida de Stuart Angel.
Então, Angélica é uma música carregada de história, de histórias. Depois que o Quarteto em Cy lançou a canção, o MPB4 resolveu gravá-la no LP “Bons tempos, hein?”, de 1979. Chico só gravaria em 1981, no álbum Almanaque. Os anos de chumbo chegavam ao fim, mas os cinco sempre estiveram atentos a qualquer ameaça à democracia. E, se não estiveram mais juntos nos palcos, sempre estiveram juntos na luta. E agora no estúdio.
Faça o pré-save do single aqui: https://orcd.co/angelicampb4chicobuarque