Marcos Sabino: celebrando sua trajetória exemplar e o aniversario de 66 anos no próximo dia 27Aporé de Paula
Completando 66 anos no próximo dia 27, Marcos Sabino só tem motivos para comemorar os êxitos da carreira. Anuncia a regravação da canção “É Impossível Acreditar Que Perdi Você”, do colega contemporâneo Márcio Greyck – e grande sucesso nas rádios – mas guarda um tempo para apreciar sua família, a cachoeira e as plantações que cultiva, no seu sítio, localizado no Sana.
“Desde que fiz sessenta anos comecei a ter uma sensação de plenitude com a finitude. O tempo passa muito rápido, o tempo mais importante são as próximas 24 horas. Sempre tive um contato muito próximo com meus fãs e isso se intensificou com a Internet. É muito bom saber que nossa música é tão importante na vida das pessoas. Fiz um amigo, em Fortaleza, que é meu fã e cirurgião, o Carlos Augusto. Ele me contou que minha música o acalma, e ele ouve quando está indo fazer cirurgia. Uma senhora que tem Alzheimer, quando ouve Reluz lembra do meu nome. Tudo isso dá sentido à minha vida e carreira”, contou ele, que também atua na área de gestão pública em Niterói. “Não faço muitos planos pro futuro, deixo ir acontecendo”, diz.
Sabino participou de festivais de música e programas famosos da TV Globo – como Chacrinha e Globo de Ouro – e teve obras em trilhas sonoras de novelas, sem falar em programas de outras emissoras abertas. Ao longo de sua carreira, Sabino transformou a canção emblemática num hino da MPB. “Reluz” é inesquecível para quem tem memória musical. Tanto jovens quanto adultos se emocionam com “Reluz”, cuja composição foi feita por ele próprio, quando tinha apenas 15 anos. Foi um sucesso sem precedentes em 1982, ao lado de nomes como Caetano Veloso, Lulu Santos, Dalto, Guilherme Arantes e Rita Lee, e chamou a atenção da indústria da música principalmente por Marcos Sabino ser, então, um artista tão jovem (23 anos). “Reluz” foi uma das músicas responsáveis pela popularização das FMs. O álbum que contém a faixa, produzido por João Augusto, chegou a vender mais de 550 mil cópias e Sabino recebeu Discos de Ouro e Platina. Regravada em francês, espanhol e grego, a obra não sentiu o tempo passar e foi reinterpretada diversas vezes, entre elas por nomes como Luiz Caldas, Leonardo, Fábio Jr, Fanzine, Dalto, Asa de Águia, Fat Family, The Fevers, Simony, Jerry Adriani, Harmonia do Samba, Pepê e Neném, Carrapicho, Alex Cohen, Byafra, e Mara Maravilha, entre outros. Décadas depois “Reluz” ressurgiu na internet, e se renovou através das plataformas de streamings e redes sociais, reencontrando o público antigo e angariando novos fãs.
“Antigamente o contato com os fãs era feito através de cartas para as gravadoras e fã-clubes oficiais, ou perguntas em programas de rádio ao vivo. Os fãs davam cartas com pulseirinhas, anéis, cordões. Guardei por muito tempo. Hoje com as redes sociais, o fã vive o dia a dia do artista. Quando eu acordo down, vou ler os elogios dos fãs. Todo artista que consegue essa reposta de publico acaba sendo impulsionado para frente. Já percebi muito público novo, que vai com seus pais e avós”, explica Sabino.
TRAJETÓRIA EXEMPLAR
Marcos Sabino Braga Ferreira nasceu em Niterói, em 1959. estudou violão com Luiz Gonzaga da Silva no Conservatório de Música de Niterói (1976) e Teoria Musical e Vocalização na Escola de Música Villa-Lobos, Rio de Janeiro (1979). Tocando e compondo desde criança, Sabino integrou, ainda adolescente, um conjunto de rock chamado Os Inocentes. Além de tocar em tocar em bailes e em festivais estudantis no interior do Rio e de Minas Gerais, fez parte dos grupos “Antares”, em 1975, com Gota e Zé Henrique, e “O Circo”, em 1978, com Fernando Bittencourt, Marcio Bahia, Humberto Resende, Simiana e Marise de Resende. Também em 1978, venceu o Festival de Miracema, interpretando a composição “Esperança”, do álbum “Salu”, além de conquistar o primeiro lugar na categoria de melhor intérprete no Festival de Campinas (1980) e o primeiro lugar no Festival do Rio Grande do Sul (1980). Foi um dos idealizadores em 1979 do Movimento "Niterói vai sumir", um festival que tinha como objetivo chamar a atenção da sociedade para a política cultural da cidade.
Ao longo de sua trajetória realizou parcerias com Erasmo Carlos, Jorge Roberto Silveira, Paulo Sérgio Valle, Cláudio Rabello, Paulinho Resende, Bernardo Vilhena, Sérgio Caetano, Chico Roque, Ana Terra, Torcuato Mariano, Aloísio Reis e Luiz Bochecha. Trabalhou com produção de CDs para as gravadoras EMI, Universal MCA, Indie e Niterói Discos, entre outras, e criou composição de jingles publicitários, além de ter exercido, por duas vezes, o cargo de presidente da Fundação de Arte de Niterói (FAN).
GESTÃO PÚBLICA CULTURAL
Também gestor público cultural em Niterói, após sua primeira experiencia como vereador, Marcos Sabino deixou a Câmara, após Binho reassumir o mandato. Sabino ocupou o cargo de vereador por 14 meses e apresentou 19 projetos de lei, 80 indicações legislativas e 17 moções.
“É importante a reestruturação do selo Niterói Discos. A cidade tem um mercado de música absurdo, músicos e produtores maravilhosos, muito artistas solo e bandas, compositores. Precisa ser renovado, aquecido e incentivado. Tenho orgulho de ter ampliado a visão sobre o selo quando passei pela presidência da FAN e, quando fui vereador, tombei o selo. É preciso ter uma visão ampla do projeto, valorizando a cooperatividade. Acredito muito no trabalho e na capacidade de gestão do Rodrigo. Ele é tri”, explica Sabino, desejando sorte ao Prefeito Rodrigo Neves neste governo municipal recém assumido.
Sabino também elogia o trabalho do atual presidente da Funarj, Jackson Emerick. A fundação tem se empenhado em levar cultura não só aos teatros da capital, mas também ao interior do estado, através do projeto Giro Cultural, que já fechou acordos de cooperação com 40 prefeituras e contratou mais de 120 artistas “Ele está fazendo um trabalho excepcional de circulação dos artistas”, comenta o aniversariante.
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