Marcos Espínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública divulgação

O roubo de carro e cargas vem numa crescente no país. No Rio de Janeiro esses índices têm avançado, seguindo uma tendência de alta da criminalidade como um todo no Brasil. Inúmeras empresas já não querem mais fazer entregas na cidade. E o que chama a atenção é a falta de um plano de ação por parte das autoridades e a falta de um plano estratégico de impacto para reverter esse quadro que só tende a piorar.

Segundo dados do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP), mais de 14 mil carros foram roubados na capital ao longo de 2022, uma subida de 16% em um ano. Houve também um salto na quantidade de furtos de automóveis, com mais de 7.500 pessoas registrando esse tipo de queixa no mesmo período, um crescimento de 18%.

Outro levantamento, este da Federação das Indústrias do Rio Janeiro (Firjan), revelou que o roubo de cargas causou um prejuízo de quase R$ 400 milhões para o estado no ano passado. Hoje, a média são de 12 roubos de carga por dia na cidade, ou seja, de dois a quatro carros por hora. Se antes alguns locais eram os mais visados, atualmente os roubos acontecem em qualquer dia e hora, numa rotina que atinge todo o estado.

A Avenida Brasil, principal via expressa da cidade e que se comunica com a Rodovia Presidente Dutra e com a Washington Luís (BR-040) está cercada de comunidades que facilitam a ação de criminosos. O mesmo acontece em São Gonçalo, o que deixa as empresas de transportes vulneráveis.

O fato é que, após o período pandêmico e com a maior circulação das pessoas, as organizações criminosas intensificaram seu plano de ação, atuando, além do tráfico de drogas e armas, em outras frentes como a revenda de peças, a clonagem da placa e até a exigência do pagamento de dinheiro para resgate do carro ou cargas.

O Rio tem se tornado numa terra insegura, sem lei. Não tem mais hora, nem lugar. Esse avanço é notório e vem de longa data. Estamos caminhando para o fundo do poço e é preciso medidas enérgicas e urgentes para frear a criminalidade.

Como já se foi falado exaustivamente, a prioridade deve ser uma união de forças das três esferas governamentais, verticalizando a segurança pública para tirar o Rio desse cenário nebuloso. Quando o assunto é segurança pública a ideologia e a política devem ficar em segundo plano, tendo a união entre os poderes e a inteligência como prioridade para vencer a guerra contra o crime.
*Marcos Espínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública