Paulo Loiola é estrategista político, Mestre em Gestão Pública pela FGV/EBAPE e sócio da BaseLabDivulgação

O ano de 2018 foi marcado pela eleição do ex-presidente Jair Bolsonaro e as redes sociais foram um dos carros-chefe da campanha do presidente eleito naquele ano. Porém, como é sabido, as formas como a extrema-direita usou esta ferramenta, principalmente o WhatsApp, gerou uma série de discussões e investigações por parte de órgãos públicos, inclusive com a proliferação das chamadas Fake News.

Dando um salto no tempo, chegando à corrida presidencial de 2022, principalmente no segundo turno, o presidente Lula contou com o auxílio “luxuoso” do deputado federal André Janones (Avante/MG). Ele, que é um dos parlamentares mais ativos e assertivos nas redes sociais, abraçou a campanha do então candidato e potencializou o nome de Lula nas redes sociais, obviamente, sem tirar os méritos da equipe de comunicação do candidato do Partido dos Trabalhadores.

Porém, no final de maio deste ano, André Janones criticou uma postagem do deputado federal e ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta (PT/RS), em um texto publicado em terceira pessoa no Twitter, que a equipe do ministro também respondeu ao parlamentar.

O que este imbróglio nos traz efetivamente é que existe uma necessidade por parte do Governo Federal de uma formação de militância digital qualificada, onde as suas postagens possam ser replicadas e posicionadas de forma eficaz. Janones, aliado do presidente Lula, criticou o post do ministro por ter sido feito de forma impessoal. Se fosse em um conteúdo da Secom, talvez não renderia tais críticas, devido à impessoalidade da administração pública, mas foi feito no perfil pessoal de Pimenta.

Para além da questão da militância e da impessoalidade, é preciso utilizar ferramentas de monitoramento das redes sociais, mas de forma profissional. Não apenas “soltar” conteúdos nas redes e deixá-los vivendo por si só, é necessário interação com seu público. E esse público precisa ser renovado constantemente e uma das ferramentas que o Governo pode e deve usar é a juventude, muito mais engajada nas redes sociais do que os parlamentares “cabeça branca” do Congresso Nacional. Usar a militância jovem para atrair novos seguidores e, consequentemente, eleitores para as próximas eleições que já batem à porta, no ano de 2024.
Para isso, é preciso criar uma estrutura de distribuição de conteúdo e mobilização social, uma vez que essa distribuição por parte das plataformas das redes sociais, muitas vezes, só será potencializada com impulsionamentos pagos. É preciso criar essas estruturas para que o impulsionamento orgânico seja feito de forma assertiva, atingindo o target da mensagem, que não é somente o público alvo, mas também a ideia a se passar a determinado público.

Por fim, mas não menos importante, os líderes precisam conversar com outros líderes e como se faz isso em tempos de redes sociais? Alinhar postagens e conversas com grandes influenciadores. Durante a corrida presidencial, muitos influenciadores também abraçaram a campanha do presidente Lula e, após a posse, de certa forma, foram “esquecidos” ou seguiram seus caminhos. Alinhamento que não foi feito com Janones, um parlamentar que possui mais de 11 milhões de seguidores nas redes sociais.

É necessário um olhar mais atento para as redes sociais e as formas que elas são feitas.

* Paulo Loiola é estrategista político, Mestre em Gestão Pública pela FGV/EBAPE e sócio da BaseLab