Daniela Pfeiffer Fernandes é professora de Produção Executiva e Distribuição Audiovisual na FACHA e Diretora Executiva do Centro CulturalDivulgação

Em 18 de setembro de 1950, aconteceu a primeira transmissão oficial da televisão no Brasil, um marco que é considerado como o aniversário da TV brasileira. A TV Tupi de São Paulo foi a pioneira em transmissões regulares, e desde então muita coisa mudou no universo audiovisual como um todo.

Sabe-se que a produção e o consumo audiovisual estão diretamente ligados à evolução tecnológica. Durante anos, o cinema ocupou o lugar de protagonismo enquanto janela audiovisual. Esse lugar passou a ser dividido nas últimas décadas com a TV aberta, a TV paga, o home vídeo e, finalmente, o streaming.

Evidentemente que essa evolução possui um impacto direto nas características, modelos de negócio e na própria dinâmica das janelas. Se antes era necessária uma estrutura cara e logística desafiadora para fazer um filme, com processos complexos envolvendo transporte de latas, revelação etc., hoje em dia, é possível gravar e editar um produto audiovisual utilizando apenas um aparelho celular e disponibilizá-lo na internet em questão de segundos.

Há cerca de 15 anos, chegava ao Brasil o YouTube, uma das plataformas mais acessadas pelos brasileiros, e que revolucionou a forma como se produz e consome conteúdo no Brasil. Desde então, inúmeras plataformas surgiram e caíram no gosto do público.

A mudança de hábitos de consumo, que já estava em andamento, foi alavancada por outro fator muito importante: a pandemia de covid-19. Com o isolamento social imposto pelo contexto da pandemia, as pessoas que não tinham o hábito de consumir conteúdo em casa viram nesta uma das únicas opções de lazer disponíveis naquele período. Em virtude disso, houve um crescimento exponencial do streaming com o surgimento de novos canais e plataformas, e a melhoria dos que já existiam.

Trata-se de um modelo que ainda está em construção, e que possivelmente terá pela frente muitos desafios e mudanças. O próprio YouTube, que começou com limite de duração dos vídeos, hoje é uma plataforma muito utilizada para distribuição de longas-metragens, por exemplo. Não são só as plataformas que estão em transformação, as outras janelas (incluindo o cinema, a TV paga e a TV aberta) também estão se movimentando para atrair e/ou reter a atenção do público consumidor.

No que diz respeito especificamente à TV aberta, as pesquisas mostram que seu público está envelhecendo, o que motiva os executivos responsáveis pelos canais a buscarem uma renovação de talentos e de conteúdos, numa tentativa de atrair (ou pelo menos manter) as audiências, diante da polarização de canais de conteúdo audiovisual. Conhecemos a tradição das novelas brasileiras, dos programas jornalísticos e das transmissões esportivas na TV aberta. No entanto, o streaming vem experimentando novos caminhos e ocupando seu espaço, inclusive com a oferta de conteúdos nesses formatos.

Não é possível ainda fazer um estudo de futurologia para dizer os rumos que essa disputa irá tomar, porém basta observar o comportamento do consumidor e as mudanças que o streaming trouxe, para saber que quem não se reinventar ficará para trás.
Daniela Pfeiffer Fernandes, professora de Produção Executiva e Distribuição Audiovisual na FACHA e diretora executiva do Centro Cultural