André Luis Messias Professor de Educação Física formado pela UFRRJ, mestre em Ciências Cardiovasculares pelo Instituto Nacional de Cardiologia e doutorando em Epidemiologia em Saúde Pública pela FiocruzDivulgação

Não é somente no Dia Nacional do Idoso, comemorado ontem (01/10), que precisamos refletir sobre o envelhecimento. Todos os dias, com várias ações, precisamos refletir sobre como a sociedade prepara-se para envelhecer e como os idosos encaram este momento. Para envelhecer com saúde e minimizar as alterações fisiológicas decorrentes do passar do tempo, é fundamental manter um estilo de vida ativo e saudável. Não basta ser ativo. É preciso manter-se ativo à medida que o tempo passa. Sempre vale lembrar que colhemos o que plantamos e, se queremos colher saúde e bem-estar, é imprescindível que sejam plantadas escolhas saudáveis. E uma dessas escolhas deve ser a atividade física.
A prática regular de atividade física é essencial para a saúde física, mental, social, metabólica e cardiovascular de todos. A Organização Mundial da Saúde considera a atividade física como a principal ferramenta não farmacológica para a promoção da saúde e, desta forma, prevenção de muitos problemas de saúde. Além disso, na literatura científica, continuam acumulando-se estudos que reforçam a importância da atividade física desde a primeira infância até a terceira idade.
É muito comum as pessoas associarem uma pessoa idosa a uma doença, como diabetes, hipertensão, dislipidemias e doenças cardiovasculares, além de fraqueza muscular, risco de quedas e sintomas de depressão. Mas esse cenário pode e deve ser combatido, enfrentado e revertido em função da prática regular de atividade física. A literatura científica apresenta inúmeros estudos que comprovam uma associação inversa existente entre a atividade física e as doenças crônicas não transmissíveis, a principal causa de mortes no mundo.
Há uma enorme diferença entre a idade cronológica e a biológica. Por mais que a tecnologia avance, jamais será possível alterar a idade de uma pessoa. No entanto, a idade biológica (a que se refere como está nosso organismo, nossas células, nossa saúde) é altamente dependente de nosso estilo de vida. Há pessoas com 60 ou mais anos que estão melhores, no condicionamento físico e na saúde mental, do que muitos jovens. Olhar quantos anos a pessoa tem não é o mais importante. É preciso ter um olhar profundo, amplo e considerar o que realmente importa: como a pessoa está por dentro.
Pessoas idosas podem e devem praticar atividade física. Os benefícios são intermináveis e compensam os riscos. É preciso realizar uma avaliação e procurar um professor de Educação Física para que haja a orientação correta. São muitas as opções: caminhar, andar de bicicleta, dançar, nadar, fazer musculação, etc. É muito importante que a pessoa alterne as atividades aeróbias (como andar, nadar e andar de bicicleta) com o treinamento de força (a musculação) para que os benefícios sejam potencializados. Esses dois tipos de atividade física, aeróbios e de força, são complementares e o ideal é que a pessoa realize ambos.
Com o passar das décadas, os idosos podem ter perda de massa muscular, o que resulta em perda de força e risco de quedas. No entanto, se a pessoa for fisicamente ativa, esse processo é consideravelmente minimizado. Por isso, um dos objetivos para uma pessoa da terceira idade deve ser o ganho de força. Isso ainda faz com que o idoso possa manter sua autonomia e, por exemplo, se locomover de forma independente.
É preciso cuidar de quem tanto já cuidou (e ainda cuida) da gente. Uma das maiores demonstrações de amor e carinho que podemos ter com idosos, que são tão únicos e especiais, é incentivar a prática de atividade física. Um idoso ativo certamente será mais saudável, feliz e poderá ter mais qualidade de vida para ficar mais tempo conosco.
André Luis Messias
Professor de Educação Física formado pela UFRRJ, mestre em Ciências Cardiovasculares pelo Instituto Nacional de Cardiologia e doutorando em Epidemiologia em Saúde Pública pela Fiocruz