opina3outARTE KIKO

O mundo está diferente, a inteligência artificial está aí e quem não se adequar – ou resistir – não terá entregas eficientes aos clientes.
Por isso, aqui vamos falar sobre o que eu chamo de "advocacia do futuro".
Essa "nova" advocacia precisa interagir com a tecnologia, com robôs, softwares, sistemas, procedimentos e inteligência artificial. É necessário pensar em otimizar resultados, fazer business inteligence, ter estimativas, realizar fluxogramas e fazer levantamento de dados de processos.
Eu ainda sou do tempo do processo físico, da certidão física, do preenchimento manual de Grerj e boletar processo naquelas antigas máquinas do Tribunal de Justiça. Agravo de instrumento? Físico, com juntada de peças obrigatórias e cumprimento do disposto no 526 do antigo Código de Processo Civil. Não cumpriu? Recurso não conhecido…
Muitos escritórios lidam com preconceito com a tecnologia. Existe o medo do desconhecido, a resistência em mudar padrões – que na maioria dos casos não dão mais certo. Entretanto, as mudanças são algo inevitável. A inteligência artificial não vai substituir o advogado.
O processo é reativo e a máquina não consegue contestar fatos e contrapor argumentos. Mas a tecnologia consegue otimizar o trabalho, padronizar, didatizar, cumprir intimações, levantar publicações, distribuições, estabelecer relações, padronizar procedimentos e estabelecer estatísticas e metas, que podem, sim, auxiliar o advogado.
Alguns escritórios, principalmente os que atuam nas chamadas carteiras de massa, estão, de fato, à frente dos demais, pois já investem nesses procedimentos.
Mas é ignorância achar que a modernização não deve ser aplicada em demandas estratégicas.
Quem não se modernizar ficará pelo caminho. Os processos são eletrônicos, as intimações são eletrônicas, o mundo está mais dinâmico, mais acelerado e esse é o futuro.
Os clientes exigem metas, exigem resultados, exigem números, estimativa de procedência, matriz de risco, possibilidades de danos. Essa é a advocacia do futuro: que alia tecnologia ao trabalho artesanal, de estratégia, do advogado.
É onde se deixa de lado o juridiquês do vernáculo e se torna as teses mais diretas, porque o julgador também tem suas metas para bater. Acabou o jargão, acabaram as peças de 100 laudas e as citações desnecessárias. É um novo tempo.
É um jeito de atuar mais prático, mais eficiente, melhor para a Justiça e mais honesto com o cliente. Desconsiderar a tecnologia é desconsiderar o futuro. O advogado do futuro precisa saber fazer gestão, fazer estratégia, analisar dados.
O advogado do futuro não usa papel, evita resíduos, se preocupa com o futuro…
Na peça Antígona, de Sófocles, a personagem defendia o direito natural. A discussão sobre a força da lei escrita contra regras da ordem moral. Hoje, a discussão da Justiça é sobre utilizar ou não a tecnologia e se ela pode um dia substituir o advogado.
A verdade é que temos que reconhecer que hoje a lei escrita está na nuvem, a Justiça continua cega, mas agora com algoritmos. E está tudo bem. Sabendo utilizar estratégia, gestão, aliando à tecnologia, teremos sempre a advocacia – do futuro – para defender a Justiça!
Lauro Rabha
Advogado