O tempo do natal
Hoje, amanheceu domingo. Os dias da semana foram inventados pelo ser humano. Dizem que os babilônios resolveram homenagear os sete componentes do Sistema Solar conhecidos à época
Hoje, amanheceu domingo. Os dias da semana foram inventados pelo ser humano. Dizem que os babilônios resolveram homenagear os sete componentes do Sistema Solar conhecidos à época. Dizem outros que a invenção veio da observação das alternâncias entre as fases da lua. E na Bíblia diz que o Senhor descansou no sétimo dia.
O domingo que hoje amanheceu é um domingo do dia da véspera do natal. Os dias antecedem os dias. É sempre véspera. Um tempo é sempre um tempo que antecede um outro tempo. Enquanto os olhos percorrem essas linhas, o tempo da linha anterior já se foi. E o da linha que ainda não disse as palavras chegará.
O natal está prestes a acontecer.
Acontecimentos como o natal marcam a história da humanidade. E por quê? Porque o natal é a festa da humanidade! O natal é a manjedoura que significa simplicidade. É Maria e José que caminham o tempo certo para fazer o amor nascer. O natal é a estrela que simboliza um tempo para iluminar.
As alternâncias das fases da lua nos ensinam as mudanças. O vir a ser do dia e da noite nos escreve que nada permanece. E por que, então, depois de mais de 2 mil anos, o natal permanece?
O humano é mudança e é permanência. Mudamos as idades, os jeitos, os olhares, os toques, os gostos, os enfeites. Os enfeites que enfeitam o natal de hoje não são os mesmos dos enfeites das nossas infâncias. As roupas também mudaram e até o jeito de fazer os alimentos. Os álbuns de fotografias têm outras imagens. Alguns se foram em noites tristes. Alguns chegaram em festivos amanheceres.
Então, o que é a festa da humanidade? É a festa de nos ressignificarmos humanos.
Humanos são feitos de braços que se abraçam, de mãos que se estendem, de lágrimas que se comovem, de pés que caminham juntos. Humanos são feitos de pensamentos e de sentimentos. Quando nos esquecemos de pensar ou de sentir, a guerra, a desunião, o caos, a insensibilidade.
O natal é o Amor feito menino para ser ponte entre nós e nós mesmos, entre nós e os nossos irmãos. Pontes ligam. Pontes poetizam travessias. Pontes contemplam rios que banham as terras com palavras de esperança.
Hoje, é véspera de natal. Ainda dá tempo de pensar e de sentir. Ainda dá tempo de ser manjedoura para o menino nascer. De limpar as inumanidades. De perfumar de bondade. De sorrir para agradecer. Belém é todo lugar. E o melhor presente é compreender.
Um sorriso, uma pausa, uma ação. E a experimentação de que o natal é celebração da vida pura, sem os adereços que nos disfarçam a nossa essência. Por isso, crianças, jardins, fontes de água limpa e pássaros cantadores prosseguem nascendo.
Hoje, amanheceu domingo. Uma utopia?
Que ninguém deixe de amanhecer para viver o natal. Que em qualquer fase da lua, que em qualquer dia da semana, que em qualquer tempo, seja tempo de humanizar a humanidade.
Feliz natal!
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