Raul Velloso analisa situaçãoReprodução
Olhando de trás para diante, carrego nas minhas andanças vários gráficos que gostaria de poder mostrar a Lula. O primeiro traz a evidência da alta correlação entre investimento em infraestrutura e crescimento do PIB desde o início dos anos 70. Ou seja, sem um, o outro não acontece. (Sobre isso, aliás, ele, que vive criando PACs, não parece ter muitas dúvidas).
Para variáveis medidas em % do PIB, o segundo gráfico mostra a desabada chocante do investimento de origem pública em infraestrutura no mesmo período, que caiu não menos que 8 vezes mesmo medido em % do PIB, enquanto a razão investimento privado/PIB ficava oscilando levemente em torno da média de 1%. Ou seja, o problema está no âmbito público e cabe, portanto, a ele resolvê-lo. E, assim, é de se esperar que, para onde o público for, o privado irá junto. (Mas não creio que esse tipo de dedução seja algo comum dentro das salas de reunião do atual governo).
O terceiro gráfico, na verdade, é um conjunto de gráficos da despesa pública que mostra a maior disparada ocorrendo no item previdência municipal, depois na estadual e, finalmente, na federal. O gráfico fecha com a desabada dos investimentos, já citada. Ou seja, explodem uns e desaba o outro, e, na sequência, o PIB. Tão simples quanto isso, lembrando que o problema extrapola o âmbito federal. O que fazer? Zerar os déficits atuariais de todos, e ponto final.
Tenho em mente o ajustamento do problema previdenciário piauiense que ajudei a implementar, em uma primeira fase, na recente gestão do ministro Wellington Dias, à época como governador estadual. Neste momento, dedica-se à segunda parte da tarefa o novo governador, Rafael Fonteles. Diante da gigantesca dimensão (e, portanto, importância) do problema dos entes subnacionais, torna-se necessária uma nova linha de frente nesse âmbito, que deveria ser coordenada, em nome de Lula, pelo ministro Wellington, alguém que acaba de ganhar experiência para dar cabo da difícil tarefa.
Consultor econômico
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.