Bernardo Egas é ambientalistaDivulgação

Recentemente, o debate sobre a arborização urbana ganhou destaque na imprensa e na opinião pública em todo o Brasil, especialmente em Belo Horizonte. O corte indiscriminado de árvores no entorno do Mineirão para a realização da corrida Stock Car gerou indignação. É absurdo pensar que, em uma localidade já caracterizada pela falta de áreas verdes, o patrimônio arbóreo - que oferece sombra e qualidade ambiental, cênica e climática - seja sacrificado em nome de eventos temporários. A sociedade civil não ficou indiferente a esse cenário e expressou sua insatisfação por meio de protestos, ressaltando a importância da preservação das árvores nas grandes cidades.
Foram cortadas 64 árvores numa região extremamente massificada pelo concreto que se tornou a Pampulha. Já tinham sido derrubadas inúmeras árvores para a Copa de 2014. É lamentável que o Município tenha tomado essa postura, inclusive ao aceitar o evento no entorno do Mineirão. A opinião pública está reagindo com veemência, e ambientalistas ficaram abismados e traumatizados, principalmente por Belo Horizonte não ter tradição em sediar corridas de automóveis.
Esse episódio é apenas um exemplo dentre muitos em que cortes de árvores geram comoção pública. Outras cidades têm enfrentado dilemas semelhantes. Exemplificando essa problemática, há três casos emblemáticos.
Na icônica Avenida Paulista, em São Paulo, cortes de árvores para a ampliação de vias e construção de novos empreendimentos têm gerado debates acalorados. A perda do verde na região central da cidade suscitou manifestações e discussões.
Outro exemplo é Curitiba, onde o corte de 40 árvores na Avenida Victor Ferreira do Amaral, no bairro Tarumã, resultou em intensa polêmica nas redes sociais, principalmente em torno das ações da prefeitura. Apesar da promessa de plantar outras quatro árvores nativas para cada uma derrubada, a medida não foi bem aceita pela população. E, infelizmente, este não é um caso isolado em Curitiba.
No Rio de Janeiro, moradores da Zona Sul expressam indignação diante do corte de árvores sem subsequente replantio, alegando a ausência de esforços para conservar o verde urbano. Em Botafogo, em particular, tocos de árvores agora substituem espaços antes arborizados, como testemunhos silenciosos de cortes recentes. A problemática se estende por diversos bairros, incluindo Copacabana, Leme e Ipanema, evidenciando a necessidade urgente de políticas municipais.
A necessidade de conciliar o desenvolvimento urbano com a preservação ambiental torna-se cada vez mais evidente, demandando um diálogo constante entre a comunidade e as autoridades. É fundamental uma maior conscientização sobre o papel das áreas verdes na qualidade de vida, e as manifestações públicas demonstram que a sociedade está atenta e disposta a defender o patrimônio natural das cidades, buscando um equilíbrio sustentável para o futuro.
Bernardo Egas
Ambientalista