A incidência mundial de câncer vem aumentando, tanto pelo envelhecimento da população, quanto pelo estilo de vida adotado atualmente: um a cada cinco indivíduos terá câncer. No Brasil são estimados 483 mil novos casos para 2024, excluindo pele não melanoma, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Devemos cultivar bons hábitos, não fumar e fazer exames de rotina para permitir a prevenção e o diagnóstico precoce. Importante também destacar os avanços no tratamento, que trazem esperança e melhores resultados, incluindo alguns dos que foram apresentados no último congresso da American Society of Clinical Oncology (ASCO).
O congresso trouxe dados alarmantes para câncer de endométrio: entre 2001 e 2018, houve 615.656 casos nos Estados Unidos, com crescimento anual de 4,48% em pacientes de 20 a 29 anos. Neste intervalo, a obesidade grau III aumentou em 9,19% ao ano, sobretudo nesta faixa etária. O aumento da gordura corporal causa desbalanço endócrino que pode levar ao câncer de endométrio. Cuidados com alimentação, atividade física e controle do peso são fundamentais. Já o carcinoma de colo uterino pode ser prevenido com exame ginecológico periódico e vacinação contra o HPV. Apesar do avanço no tratamento destas doenças, como a incorporação da imunoterapia, a prevenção é crucial.
O câncer de mama é o mais comum entre mulheres, com mais de 10 mil novos casos estimados para nosso estado em 2024. Mesmo quando a cura não é possível, há cada vez mais recursos, como a incorporação dos chamados antibody-drug conjugate (ADCs), que funcionam como “cavalos de tróia”, liberando a medicação na célula cancerígena através da ligação a um receptor de membrana. Isto reforça a importância de entender a biologia tumoral, com avaliação histopatológica e análise molecular.
Este entendimento permite combater mutações responsáveis pelo desenvolvimento da doença. A ASCO trouxe ótimos resultados do uso da medicação lorlatinibe para pacientes com câncer de pulmão com um tipo específico de alteração genética, a fusão ALK, alcançando a maior sobrevida livre de progressão da história para este tipo de tratamento em tumores sólidos, com mediana ainda não atingida.
Neste mesmo congresso foram apresentados trabalhos acerca do tratamento locorregional do câncer de cólon, 3º mais frequente no Brasil. Em estudo com 299 pacientes com lesões no fígado até 3 cm foi demonstrado que a técnica de ablação térmica, na qual uma agulha especial é colocada no tumor guiado por exame de imagem, foi não inferior à cirurgia, com melhor controle local, menor risco de complicações e redução no tempo de hospitalização. Outro estudo demonstrou redução do risco de morte em 84% em 5 anos, em pacientes muito selecionados com metástases hepáticas inoperáveis submetidos a transplante hepático e quimioterapia.
Outra tecnologia útil é a telemedicina, que pode auxiliar na incorporação precoce dos cuidados paliativos, sem piora da qualidade de vida dos pacientes em comparação ao atendimento presencial, segundo estudo recente da ASCO.
E seguiremos atentos aos avanços para oferecer o melhor tratamento disponível aos pacientes, sem nunca deixar de lembrar a importância de cuidar da saúde.
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