Helio SeccoDivulgação

Entre tantos rótulos que passaram pela cidade, podemos lembrar de alguns que o petropolitano já se encheu de orgulho em dizer. Por exemplo, que sua terra era a “cidade imperial” com sua belíssima história tão relevante para o país, ou quando dizia que era a “cidade das hortênsias” em função dos lindos jardins cultivados com essas plantas ornamentais, ou na época que era a “cidade das montanhas e cachoeiras” tão características por diversas partes de seu território, e até aqueles que admiravam a procura de pessoas de tantas partes do Brasil pela cidade “da Rua Teresa”, famosa pela enorme oferta e variedade de lojas de roupas e malharias.
Fama e rótulos legítimos atraíam milhares de pessoas para Petrópolis ao longo dos anos, mas hoje temos a nítida sensação, não só para quem mora na cidade, mas para quem a vê de fora, de que o município não desfruta do mesmo prestígio e encantamento de outros tempos. A cidade que já vinha com a sua autoestima abalada por gestões ineficientes do poder público nos últimos muitos anos, ainda não se recuperou também da calamidade causada pelas fortes chuvas ocorridas no verão de 2022.
A lama ainda é a lembrança mais forte quando se pensa em Petrópolis. Algo que é reforçado quando nos deparamos com cicatrizes visuais deixadas em áreas atingidas por desabamentos em várias localidades, e que algumas delas demoraram mais de um ano para serem reparadas ou reconstruídas.
Como petropolitano que acompanhou as mudanças atentamente nos últimos 20 anos, incialmente como morador, e depois como frequentador assíduo de finais de semana, me parece claro que a cidade se afastou de suas vocações. Sofremos as consequências da falta de visão, planejamento e gestão pública que pensasse e direcionasse a economia local de modo a potencializar seu crescimento.
Entretanto, a boa notícia é que os ativos, por mais desvalorizados que possam estar no momento, ainda estão lá. Ainda somos a cidade do Museu Imperial, da Casa de Santos Dumont, do Hotel Quitandinha, das montanhas como o Açu e a Pedra do Retiro, das cachoeiras como o Véu da Noiva, Da Macumba, e muitas outras. Ainda temos uma grande e resiliente rede hoteleira, assim como restaurantes premiados, marcas e identidades associadas a indústria cervejeira com tantos produtores artesanais e fábricas tradicionais, além dos festivais de música promovidos pela iniciativa privada.
Tudo isso propicia um ambiente favorável a cadeia de negócios associados direta e indiretamente ao turismo, que é a principal e inegável vocação natural da cidade. Logo, o turismo de eventos pode ser o instrumento capaz de aproximar todas essas outras atividades para que se retroalimentem. Ao promover e fortalecer política pública pautada em um calendário anual e contínuo de eventos compatíveis com a cidade, Petrópolis pode impulsionar conjuntamente vários setores que agregam valor à experiência do turista. Para isso, é indispensável resolver gargalos históricos de ter um centro de convenções adequado a diferentes tipos e escalas de evento, e um transporte facilitado para chegar e se deslocar pela cidade.