Marcos Espínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública divulgação

Nos últimos dias vimos um verdadeiro caos no chamado Complexo de Israel, região da Zona Norte do Rio de Janeiro que engloba tradicionais bairros do subúrbio, que no passado era sinônimo de infância de rua, cordialidade e tranquilidade, mas hoje um território dominado por traficantes e criminosos destemidos.
Como sabemos, a Cidade está fatiada pela criminalidade, seja ela de facções organizadas, seja pelos grupos milicianos. O governo do estado vem reagindo, atuando de forma integral, mas ainda corre atrás, devido anos de inércia e omissão décadas. Diante do atual cenário é preciso urgentemente a implantação de uma política de segurança pública voltada para o Rio de Janeiro.
Enfatizo isso porque é notório que, mesmo com os esforços da secretaria de segurança pública e do governo como um todo, a linha criminalidade avança. O momento exige maior investimento do governo federal para que essa integração seja ainda maior e mais eficiente. Entretanto, é preciso ir além, com geração de emprego e renda, acesso a educação, saúde e saneamento básico. Não é mais aceitável numa metrópole como o Rio ainda ter pessoas vivendo em condições precárias. São justamente esses espaços deixados pelo Poder Público que servem como porta de entrada para criminosos atenderem as comunidades, porém as extorquindo e tornando-as refém.
Como já batemos nesta tecla há anos, os investimentos no efetivo da polícia, como pessoal, equipamentos e treinamentos é outro ponto crucial, pois devem ser constantes. Para se ter ideia, em 2020 a Polícia Civil registrou déficit histórico de 15 mil agentes, segundo dados da Lei de Acesso à Informação. Hoje o quadro não chega a 8 mil policiais, entre agentes escrivães, delegados e investigadores. Em dezembro de 2023, o
Governo reforçou a segurança nas delegacias do interior com o envio de mais de 300 novos policiais civis. Com relação a Polícia Militar, o efetivo atual é de cerca de 45 mil policiais, sendo cerca de 50% dele no patrulhamento ostensivo.
Por outro lado, relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) revelou que há cerca de 116 mil criminosos em todo o estado. O número de localidades influenciadas por grupos criminosos subiu quase 17% em 4 anos.
Facilmente, percebemos que a conta não fecha. Atuar de forma integrada como vem acontecendo é o caminho, mas é preciso avançar para vencermos essa guerra que, hoje, parece sem fim.

* Marcos Espínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública