A partir dessa semana, abordarei reflexões e proposições para melhorias em cidades do interior do estado do Rio de Janeiro também. A começar por uma cidade reconhecida pelas suas paisagens montanhosas admiráveis: Teresópolis, na região serrana fluminense.
Há aproximadamente dois anos, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO), um dos cartões postais da cidade, iniciou processo para atrair empresas especializadas em ecoturismo para oferecer diferentes atividades no interior da unidade de conservação. Entretanto, movimentos organizados de montanhistas da região se manifestaram reiteradamente contra a entrada da iniciativa privada no parque, alegando que tiveram pouco tempo para análise e manifestação pública sobre o projeto idealizado, e apresentaram críticas a possíveis restrições de acesso a áreas ecologicamente sensíveis. Fato é que tais manifestações provocaram a paralisação desse processo por parte do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ambiental federal responsável por este parque.
Diante deste cenário, uma oportunidade se apresenta, pois existe outro parque próximo e com apelo turístico, sob responsabilidade da gestão municipal: o Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis (PNMMT). Um dos maiores parques municipais do estado do Rio de Janeiro (5335 hectares), após ter seu território ampliado em 2023, contemplando afloramentos rochosos conhecidos na cidade como “Pedra da Tartaruga”, “Pedra do Camelo” e “Pedra do Arrieiro”, além de exuberante floresta de Mata Atlântica e cachoeiras ao longo do curso dos rios e córregos que o atravessam.
Ele poderia suprir a mesma intenção e potencial de visitação que o projeto de concessão do PARNASO teria, tendo um escopo semelhante. Cabe a Prefeitura de Teresópolis, estabelecer um plano de manejo condizente às características e potencias do PNMMT, elaborar os estudos necessários para modelar um novo edital de concessão para viabilizar melhorias na infraestrutura, e implementar atrativos que agreguem valor à experiência dos turistas no interior dessa unidade de conservação.
Entre as alternativas que aumentam as opções e elevam o nível das experiências no interior do parque, estão a oferta de condições para a prática de esportes de aventura tais como arvorismo, rapel e canoagem, trilhas e passeio guiados, estabelecimento de pontos de cafeteria e restaurante, estrutura para acampamento seguro, venda de artesanato e souvenir, entre outras dependendo das condições locais. Essas melhorias demandam não somente expertise na gestão dos ativos, mas investimento financeiro para implementá-las, e para garantir maior segurança aos usuários. Daí a importância da participação de empresas privadas especializadas que oferecem seus serviços em vista do potencial retorno financeiro em médio e longo prazo.
Além disso, assim como já realizado para outros parques brasileiros, é possível garantir entrada franca para moradores dos arredores e estudantes matriculados em escolas públicas municipais. Diante do volume esperado de turistas, o modelo de negócio deve ser sustentável, e a divulgação desses atrativos precisa ultrapassar os limites do município, chegando também em cidades vizinhas e à capital do estado. Ou seja, uma política pública que tem tudo para entregar bons resultados ao movimentar a economia local, gerando oportunidades de emprego e renda, e valorizando os ativos ambientais.
* Helio Secco é Doutor em Ciências Ambientais pela UFRJ, graduado em Administração Pública, e empreendedor na área de consultoria ambiental
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