A escola deve de ser dedicada à pacificação. Ao final de 2023, o Brasil já computava quase 30 atentados com mortos dentro de escolas ou relacionado às escolas. Boa parte do ano de 2023 foi dedicado aos estudos e aos debates sobre como controlar a onda de violência que, além dos campos de guerras, também chegou aos campos de aprendizagens. A pacificação deveria ser a grande estrela central das práticas educativas.
Diante da barbárie que atinge as relações sociais, políticas e humanas, a escola, como centro formador de pensamento, não se pode optar por outra ação que não seja a ação educativa para a paz e pela paz. Pais, professores e alunos precisam dialogar e juntos encontrar um caminho de diálogo constante rumo a essa pacificação. Nada de projetos formatador ou copiados. O que a sociedade precisa é fazer cada comunidade se envolver com seu próprio contexto. Em cada célula social há um mecanismo de combate e de controle da violência em suas diferentes formas. Nenhum modelo de controle servirá a todos e da mesma forma.
A intensidade de cada ação vai depender da legitimidade de cada elaboração. Assim, comunidades diferentes precisarão de ações diferentes e no fim o resultado pode ser um só – a pacificação para todos. O conhecimento para o futuro passa a depender da pacificação das relações. Essa pacificação vale tanto para as relações diplomáticas das nações como vale pra relações de proximidade entre nós, pares, cidadãos, vizinhos, munícipes.
A tecnologia tão falada e tão esperada para a melhoria da vida do planeta passou a ser proibida em boa parte dos países do mundo dentro das escolas. Muitos países já concluíram que o uso delas nas relações escolares só atrapalha e traz prejuízos e no campo social, as tais redes sociais estão sendo atacadas em todo o mundo na direção de marcos de controle – tamanha a situação problemática causada ou potencializada por elas. O mundo terá que selecionar aquilo que de fato queremos que permaneça ou cresça. É uma hora difícil para a humanidade de maneira geral. Em 2024 já presenciamos guerras sem o menor controle onde o maior número das mortes basicamente foi de crianças e de famílias. Assim sendo, a escola tem que fazer também suas escolhas: ou rompe com o que aí está ou a segue sendo um mecanismo para perpetuar desigualdades.
* Geraldo Peçanha de Almeida é psicanalista e pedagogo
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