É importante que pais e educadores se unam na busca por um futuro com mais garantias de dignidades para todos, como está na constituição do Brasil. Medidas simples, mas pertinentes. Não é preciso pregar ou fazer apologia a nada perante os filhos e alunos, mas falar da questão de forma respeitosa e humana. Mostrar que todos são diferentes e que essa diferença está no mundo. Não é preciso exagerar pra não parecer apoio somente a isso, mas também não é preciso condenar ao ponto dos alunos e filhos acharem que o outro, diferente dele, precisa ser combatido. Caso a religião não apoie ou aceite, explique isso a seu filho ou a seu aluno, mesmo que você tenha dificuldade para fazer isso.
O aluno ou filho vai perceber que o tema é difícil pra você, tanto quanto pra ele. É esse cuidado que todos devem ter, pra não tirar do outro o direito, e pra não machucar o outro impondo a ele nossas escolhas. Os debates precisam fazer parte da formação das crianças e dos jovens, mas não por quem acha que os representa, mas sim, por eles mesmos. Ou seja, se quer de fato trazer a informação correta, ouça as pessoas homossexuais, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis. Ninguém sabe a realidade e angústia do outro. De maneira respeitosa, todos podem se ouvir e se entender.
Não adianta só a escola fazer campanha para melhorar o acolhimento dessas pessoas. É preciso fazer um trabalho concatenado onde todas as instituições sociais podem chegar ao mesmo tempo na população. Isso potencializa a mudança e traz multiplicidade de vozes na construção desse novo mundo de acolhimento. O julgamento do certo e do errado muitas vezes é a primeira coisa ensinada às crianças e aos jovens. O problema é que se é ensinado antes da compreensão, eles vão achar que em todas as esferas da vida será possível julgar, mesmo sem conhecer. O julgamento de valor não pode ser algo ensinado às crianças e jovens sem que eles tenham informações e formações suficientes. Além disso, essa prática passa pelo crivo da família que também precisa compreender que por detrás de um julgamento pode haver um crime. Hoje há leis claras que protegem as diferenças, e o cumprimento delas tem sido rigoroso.
Os livros infantis e infanto-juvenis já trazem essa temática há algum tempo, e não podem ser proibidos nas escolas porque a censura não colabora com o estado democrático de direito. As crianças e os jovens devem ler sobre estes assuntos e discutir o porquê deles e as condições deles. Assim, o amparo, a solidariedade e o amor incondicional começam a brotar nos contextos sociais.
* Geraldo Peçanha de Almeida é psicanalista e pedagogo
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