OPINA11OUTARTE KIKO

Ao final das eleições é possível perceber algumas sinalizações que vieram das campanhas e dos próprios resultados das urnas. Foi notório que a segurança pública foi um tema amplamente mencionado por quase todos os candidatos, o que deve se repetir daqui a dois anos no novo pleito. Foi perceptível também que pouco a pouco estamos nos livrando da polarização que se arrasta nos últimos anos e que só interessa aos extremos. Que esta eleição realmente seja o sinal de novos tempos para a política do Rio de Janeiro e do país como um todo.
O radicalismo de ambos os lados transformou o tema política em sinônimo de guerra, com famílias se desentendendo, amigos rompendo e um clima tenso desnecessário e que só impactou negativamente a saúde mental de cada cidadão que já sofre com o terror da violência urbana.
Por falar em violência, são anos que o próprio meio político vem sendo alvo. Nas últimas duas décadas, foram mais de 50 políticos assassinados no estado do Rio em casos que, segundo as polícias, há suspeita de participação do crime organizado. Na média, é como se uma pessoa ligada a atividades políticas fosse morta a cada seis meses.
Essa violência contra políticos vem se concentrando, essencialmente em anos eleitorais, quando os ataques são ainda mais frequentes nos pleitos municipais. Somente neste ano de 2024, foram quase 100 candidatos mortos durante a campanha para as eleições, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral - TSE. Os números são referentes às candidaturas já julgadas pela corte e ainda podem aumentar, já que cerca de mil candidaturas aguardam julgamento.
No Rio, só os municípios da Baixada Fluminense registraram, desde 1988, 89 assassinatos ou tentativas contra políticos e pessoas que trabalham com política, como jornalistas, blogueiros e assessores. Neste ano, foram oito políticos baleados na Região Metropolitana, seis morreram e dois ficaram feridos. O levantamento do Instituto Fogo Cruzado aponta ainda que a Baixada foi o local que concentrou a maioria dos crimes.
Enfim, que a população cada vez mais se conscientize que a polarização é prejudicial para todos e que política significa um bom debate, com diálogo e equilíbrio em prol do bem coletivo. Por outro lado, que nossas autoridades, definitivamente, busquem uma integração das três esferas do poder para tratar da segurança pública, pois esse tema está na pauta do dia e é emergencial, inclusive para a classe política.

*Marcos Espínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública