Júlio FurtadoDivulgação
Há muito tempo se fala que o papel do professor é muito mais do que o de mero transmissor de conhecimentos. A figura do educador, cada vez mais, configura-se como a de um negociador de sentidos em sala de aula, requisito cada vez mais importante para que haja a promoção de uma aprendizagem significativa. Este conceito destaca a importância da interação entre os novos conhecimentos e aqueles já existentes na mente do aluno. Esse processo é fundamental para que o conteúdo faça sentido para o aluno.
A aprendizagem significativa é um processo ativo que exige que o aprendiz atue como protagonista, interagindo ativamente com o conteúdo apresentado. Nesse caso, o professor deixa de ser apenas um transmissor de informações para se tornar um facilitador e provocador de questionamentos. Diante disso, a expressão "dar aula" já não se adequa a um mundo em constante transformação, onde o conhecimento deve ser construído e reconstruído em conjunto.
O professor torna-se, então, um mediador, desafiando os conceitos prévios dos alunos para que estes se ampliem e se tornem mais significativos. Essa negociação de sentidos exige que o educador estimule a autonomia dos estudantes, permitindo que eles tomem decisões racionais sobre seu aprendizado e se responsabilizem por suas tarefas. Contudo, é preciso equilíbrio: a ausência de orientações claras pode levar ao fracasso, enquanto o excesso delas pode sufocar a criatividade e a autonomia.
A interação social desempenha um papel fundamental no desenvolvimento intelectual, conforme defendido por Vygotsky. A troca de ideias entre alunos estimula a ampliação de conceitos e a negociação de sentidos, essencial para a aprendizagem significativa. Essa interação deve ser incentivada em sala de aula por meio de discussões em pequenos grupos, permitindo que os alunos confrontem e reavaliem suas opiniões.
Além disso, o professor deve adotar uma postura de provocador da sede de conhecimento, incentivando questionamentos e dúvidas ao invés de fornecer respostas prontas. Enfim, o professor deve equilibrar orientação e liberdade, promovendo um ambiente onde a curiosidade e a busca pelo conhecimento sejam constantemente estimuladas. Essa abordagem não apenas enriquece a experiência educacional, mas também prepara os alunos para um mundo em constante evolução.
* Júlio Furtado é professor e escritor
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