Carlos Alberto Almeida Moreira da SilvaDivulgação

O processo criminal no Tribunal do Júri é uma das etapas mais críticas do sistema judiciário brasileiro, especialmente nos casos que envolvem crimes dolosos contra a vida. Dada a complexidade e gravidade dessas situações, uma defesa eficaz e combativa é imprescindível, tornando essencial a constituição de um advogado especializado. A importância de contar com um defensor qualificado abrange não apenas as duas fases do Tribunal do Júri, mas também a fase de investigação policial, onde são reunidos os elementos que podem definir o destino do acusado.

O inquérito policial é o instrumento que coleta informações para embasar a decisão do Ministério Público, seja para oferecer a denúncia ou para requerer o arquivamento do caso. Durante essa fase, as investigações incluem diligências como buscas e apreensões, oitivas de testemunhas e produção de provas periciais. Caso a denúncia seja oferecida, o promotor de justiça buscará a sentença de pronúncia do acusado, determinando se ele será levado ao plenário do Tribunal do Júri. Neste momento, o caso é submetido a julgamento por um júri popular, que decidirá sobre a condenação ou absolvição do réu, com base nas provas apresentadas e nos debates entre defesa e acusação.

Durante a fase de investigação policial, a presença de um advogado é crucial por diversos motivos. Em primeiro lugar, ele garante que os direitos fundamentais do investigado sejam respeitados, prevenindo abusos por parte das autoridades policiais, como coerção ou tratamento degradante. Além disso, oferece orientação legal ao acusado, explicando como proceder durante os depoimentos e garantindo que suas declarações não sejam utilizadas contra ele de maneira indevida. Também desempenha um papel essencial na coleta de provas favoráveis, assegurando que diligências ilegais sejam contestadas, o que pode ser determinante para a construção da defesa.

Na fase judicial, a atuação do advogado torna-se ainda mais relevante. Sua principal função é a elaboração de uma estratégia de defesa eficaz, baseada nas especificidades do caso e na análise minuciosa das provas apresentadas. O advogado também tem a responsabilidade de apresentar as provas de forma organizada, questionar testemunhas e refutar os argumentos da acusação, buscando sempre a absolvição do réu ou, no pior dos cenários, a aplicação da pena menos gravosa possível. Isso inclui a possibilidade de desclassificação do crime para um tipo penal menos severo, garantindo um julgamento mais justo ao acusado.

Outro aspecto fundamental é a relação do advogado com o júri popular. Sua capacidade de argumentação e persuasão pode ser determinante para o resultado do julgamento. Ele deve ser capaz de criar uma narrativa convincente que favoreça seu cliente, utilizando tanto argumentos racionais quanto elementos emocionais que possam impactar a percepção dos jurados. Esse domínio da oratória e a capacidade de contra-argumentação são diferenciais que podem significar a diferença entre a liberdade e a condenação.

Portanto, a constituição de um advogado criminalista desde o início do processo é fundamental para garantir uma defesa sólida e especializada. A complexidade do Tribunal do Júri e as graves consequências que um réu pode enfrentar demandam um profissional capacitado e experiente para assegurar o respeito aos direitos fundamentais e maximizar as chances de um desfecho favorável. Desde a investigação policial até o julgamento final, a presença de um advogado especializado não é apenas recomendável, mas essencial para garantir um processo justo e equilibrado. Investir na assistência de um advogado competente é uma decisão crucial e, muitas vezes, determinante para o sucesso da defesa.
Carlos Alberto Almeida Moreira da Silva é advogado criminalista e sócio do Grupo Moreira advocacia e consultoria. Delegado de Prerrogativas da OAB/RJ. Membro da ANACRIM - Associação Nacional da Advocacia Criminal. É pós-graduado em Direito Penal e Processo Penal.