Marcos Espínola 2025Divulgação

Não é novidade que o crime organizado está embrenhado em todas as camadas da sociedade. O que preocupa é o avanço dele em instituições financeiras e na política, setor que simboliza o estado democrático de direito, no qual todo cidadão brasileiro pode ser eleito através do voto democrático para representar o povo. Ter comprovadamente dinheiro do tráfico em investimentos do mercado e na cadeira do legislativo pessoas que tenham como atuação paralela práticas criminosas significa um perigo para toda a sociedade e uma afronta ao Estado constituído.
As recentes operações e investigações da polícia federal e receita federal identificaram um esquema do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores facções criminosas do país, que soma R$ 30 bilhões investidos em fundos da Faria Lima, símbolo do mercado financeiro brasileiro. A Receita identificou essas aplicações em fundos de investimento usados para ocultar e blindar dinheiro ilícito.
Um novo e sofisticado mecanismo que revela a instrumentalização do sistema financeiro por facções criminosas, dificultando rastreamento de fortunas.
Também em recentes operações, estas no Rio de Janeiro, foi decretada a prisão do deputado TH Joias por suposto envolvimento com o Comando Vermelho, outra grande facção criminosa do país. Infiltrado no poder legislativo, a suspeita é que o parlamentar eleito pelo povo para representá-lo, atuava a serviço da criminalidade. Sua foto cercada por dinheiro deflagra a ousadia e a premissa da busca pelo poder. Dinheiro, muito provavelmente fruto do crime e ações ilícitas.
Apesar de estar preso, é notório que ele não agia sozinho e é preciso apurar como as informações privilegiadas chegavam até ele.
Se infiltrar nas instituições é uma forma de conquistar a confiança pública, porém atuando em prol do crime e não contra ele. Não é de hoje que políticos do Rio são presos por suspeitas de envolvimento com o crime. Aliás, não só no Rio, mas em todo o país. Eleger elementos ligados às organizações criminosas para tirar proveito dos cargos e da legitimidade que estes oferecem é uma prática que vem crescendo e merece total atenção das autoridades.
Há casos que o próprio indivíduo já é investigado ou responde a algum processo e, neste contexto, é preciso maior rigor ou, quem sabe, uma atualização da lei da ficha limpa, pois as organizações criminosas vêm alcançando grandes voos, como o coração financeiro do país e o parlamento. Sabe-se lá onde pretendem chegar.