Milícia impõe venda de cigarro contrabandeado do Paraguai - Arquivo / Divulgação
Milícia impõe venda de cigarro contrabandeado do ParaguaiArquivo / Divulgação
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - Policiais civis realizam, na manhã desta quinta-feira, uma operação contra a milícia que atua na Zona Oeste do Rio. O objetivo da "Operação Lawless" é prender 22 suspeitos de contrabandear e impor a venda de cigarros piratas vindos do Paraguai nas áreas dominadas por milicianos na região e também na Baixada Fluminense. Pelo menos 12 pessoas já foram presas, entre elas um policial militar da UPP Fazendinha e três agentes penitenciários, um deles apontado como braço-direito Wellington da Silva Braga, o Ecko, chefe da "Liga da Justiça", a maior milícia do estado.

A operação é comandada pelo delegado William de Medeiros Pena Junior, da 37ª DP (Ilha do Governador), com o apoio de outras 50 delegacia e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), com base em investigações que começaram há oito meses, quando Pena Junior ainda estava na 35ª DP (Campo Grande). Ele deixou a delegacia da Zona Oeste após ser ameaçado pela milícia. Segundo a polícia, a quadrilha é apontada como responsável por movimentar a maior rede de comércio de cigarros contrabandeados no estado. 

Preso em operação contra contrabando de cigarros na milícia chega à Cidade da Polícia - Divulgação

As informações foram dadas inicialmente pelo Bom Dia Rio, da TV Globo. Os comerciantes são obrigados a colocar no mercado a marca Gift, a mais comercializada no Rio. O negócio se tornou um dos mais rentáveis para os criminosos, com lucro que chegaria a R$ 1,5 milhão por mês apenas para um dos milicianos.

Entre os presos desta quinta-feira estão o policial militar Carlos Miranda Rangel, lotado na UPP Fazendinha. O ex-PM Ronaldo Santana da Silva, acusado de ser o responsável por contrabandear os cigarros do Paraguai, foi preso em maio. Três agentes penitenciários foram presos, dois por mandados de prisão e um em flagrante. Um deles, conhecido como Braz, é apontado como o braço-direito de Ecko e comandava a extorsão contra os comerciantes nas áreas dominadas pela milícia. 

Na ação de hoje foram feitas várias apreensões, entre elas uma lancha, apreendida em uma casa no Méier, na Zona Norte do Rio. Também foram encontradas armas, munições, jóias, dinheiro, carros e motos.

Ex-PM Ronaldo Santana da Silva é acusado de ser o responsável por contrabandear os cigarros do Paraguai - Divulgação
 

A polícia reuniu provas de que o fumo contrabandeado tornou-se uma das principais fontes de renda do bando de Ecko, que chefia a maior milícia do estado. Em março, uma carga de 500 caixas de cigarro pirata foi retida em Guaratiba, na Zona Oeste.

Os criminosos vão responder pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e receptação. Empresas também são alvos de busca e apreensão por estarem associadas à lavagem de dinheiro. A ação conta ainda com o apoio das Corregedorias da Secretaria de Administração Penitenciária e da Polícia Militar.

Delegado foi ameaçado de morte

O delegado que coordena a operação desta quinta-feira é William de Medeiros Pena Junior, hoje na distrital da Ilha do Governador. Ele deixou a 35ª DP, em Campo Grande, após ser ameaçado de morte. As intimidações fizeram a Polícia Civil realizar a operação "Nocaute", que mirou milicianos da Zona Oeste e prender 159 pessoas no sítio Três Irmãos, em Santa Cruz. Os delegados Fábio Salvadoretti e Daniel Rosa, na época da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), também receberam ameaças. 

A primeira ameaça chegou por um bilhete entregue na 35ª DP (Campo Grande), cuja titularidade, do delegado William de Medeiros Pena Junior, foi mudada por medida de segurança. Entre os que receberam recados intimidadores estão os delegados Fábio Salvadoretti e Daniel Rosa, ambos da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense.

Wellington da Silva Braga, o Ecko, era o principal alvo da ação, mas conseguiu fugir. A ação causou polêmica ao prender pessoas que não tinham envolvimento com a milícia e estavam apenas na festa, que teve ampla divulgação e venda de ingressos

Homenagem à Carlinhos Três Pontes em praça

Em uma praça na comunidade Três Pontes, em Santa Cruz, na Zona Oeste, reduto da milícia de Ecko, uma faixa de cerca de cinco metros homenageia Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, morto em operação da Polícia Civil, em abril do ano passado. O ponto teria sido "rebatizado" de Praça Três Pontes, em homenagem ao miliciano.

Ele era irmão do atual chefe da maior milícia do estado. O banner traz a mensagem "Carlos Alexandre, aquele que amamos não se ausenta, se traduz em eternidade e luz", além da letra completa da música "No dia em que eu saí de casa", de Zezé Di Camargo e Luciano. 

Faixa gigante em homenagem a Carlinhos Três Pontes foi colocada em praça "rebatizada" de comunidade - Divulgação

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