Publicado 17/09/2020 09:36 | Atualizado 17/09/2020 13:17
Rio - O prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) e o governador afastado Wilson Witzel (PSC) vão enfrentar votações de impeachment contra eles, nesta quinta-feira. Enquanto Crivella pode ver ser aberto ainda um pedido de afastamento dele na Câmara de Vereadores, Witzel já encara a votação do relatório feito pela Alerj para ser tirado do cargo de vez.
Crivella é alvo do pedido de impeachment pedido pelo Psol e aceito pelo presidente da Casa, o vereador Jorge Felippe (DEM), que colocou a ação para votação em plenário. A denúncia foi feita com base nas investigações do Ministério Público estadual (MPRJ) sobre a existência de um QG da Propina na Prefeitura do Rio, que teria movimentado quase R$ 1 bilhão.
Já Witzel vai encarar a votação do relatório elaborado pelo deputado Rodrigo Bacellar (Solidariedade), favorável ao andamento do processo. O governador afastado é acusado de praticar atos de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. As primeiras suspeitas começaram na Saúde durante a pandemia da covid-19.
No parecer, o relator fala em "descaso com a vida e oportunismo com a desgraça". No relatório de 77 páginas, Bacellar destaca principalmente os momentos em que o governador afastado teria atuado para firmar contratos com as organizações sociais Unir Saúde e Iabas, acusadas de terem como sócio o empresário Mário Peixoto, pivô de recentes denúncias de corrupção na pasta.
RITO NA ALERJ
A tendência é que os deputados aprovem o texto de Bacellar com folga - são necessários 13 votos, maioria simples da comissão especial do impeachment. Uma vez aprovado na comissão, o relatório será levado aos 70 deputados já na semana que vem.
No plenário, são necessários 47 votos para definir o impedimento do governador. Neste caso, será formada então uma comissão mista composta por parlamentares e desembargadores para analisar a cassação do mandato.
A defesa do governador foi apresentada à comissão no início deste mês. Na tentativa de convencer os deputados, Witzel enviou ontem um vídeo em que faz um apelo para que a Casa o deixe permanecer no cargo.
Com trilha sonora dramática, Witzel sobe o tom quando diz que foi afastado do cargo "sem direito de defesa", chama de "levianas" as acusações do Ministério Público Federal (MPF) e afirma que, no governo, combateu a corrupção e o crime organizado.
"Todas as acusações levianas contra mim serão desmascaradas, mas até o presente momento não tive meu direito de defesa", afirma o governador afastado.
Ao abordar especificamente o impeachment, Witzel diz que a Casa foi induzida ao erro.
"Peço ao povo do Rio de Janeiro e ao parlamento que não deixe isso (afastamento) acontecer. O governador Wilson Witzel precisa terminar o seu mandato", pediu.
RITO NA CÂMARA
Em uma consulta preliminar feita, nesta quarta-feira pelo DIA dos 51 vereadores, 15 declararam que vão votar a favor da abertura do impeachment de Crivella e dois se disseram contra. Um não quis se manifestar e 31 não responderam à reportagem. Jorge Felippe não foi procurado, pois ele deve apenas conduzir a sessão.
Dos vereadores que não se posicionaram, a maioria integra a base governista e votou contra a abertura do outro processo de impeachment do prefeito, que foi a plenário no último dia 3. A votação terminou com o placar apertado de 25 contra o processo e 23 a favor.
"As denúncias são muito sérias. E nós, enquanto Câmara dos Vereadores, precisamos dar uma resposta para a sociedade", pontuou o vereador Jones Moura (PSD), que se declarou a favor da abertura do processo.
"É um absurdo que tenhamos que nos deparar com denúncias envolvendo o prefeito quase que diariamente. A nossa população merece mais respeito e dignidade", complementou a vereadora Verônica Costa (MDB), que também se disse a favor do impeachment.
Já os vereadores Inaldo Silva e Tânia Bastos, ambos do Republicanos, o mesmo partido do prefeito, afirmaram ser contra o processo.
"Esse pedido de impeachment é eleitoreiro. Não há nenhuma sustentação legal", defendeu Inaldo.
"O Ministério Público e a Polícia Civil estão se debruçando nas investigações, não existe sequer uma denúncia. Estamos a três meses das eleições. Já é a segunda vez que o partido tenta afastar o prefeito, em menos de dez dias", disse Bastos. A vereadora Vera Lins (Progressista) não quis se manifestar.
* Com informações do Estadão Conteúdo
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