Publicado 15/07/2021 11:40
Rio - Um dia depois da reprodução simulada realizada pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) para entender a ação que resultou na morte de Kathlen Romeu, de 24 anos, a mãe da jovem, Jacklline Lopes usou seu perfil no Instagram para desabafar e cobrar justiça pela filha. A designer de interiores estava grávida de quatro meses quando foi atingida por um tiro de fuzil, durante uma ação da PM, ao visitar a avó no Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio, no dia 8 de junho. "Ontem mais um dia puxado! São 37 dias “incansáveis”, pois a luta é diária!", disse, na publicação.
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Jackeline diz no texto que, desde a morte da filha não consegue descansar e reafirmou que não houve troca de tiros entre policiais e criminosos no dia que Kathlen foi baleada. "Ontem foi puxado! O 36º dia que continuaram puxando o gatilho! Mentiras, balaclava...mas eu resolvi acreditar no perito e na sua perícia! Acredito na luz da Kath e ela irá iluminar a verdade e desmascarar as mentiras! Não pode ter sido em vão! NÃO FOI CONFRONTO!", desabafou.
Reconstituição
A reconstituição, realizada nesta quarta-feira, teve início às 13h, na comunidade Barro Vermelho, no Complexo do Lins, Zona Norte do Rio. Cerca de 50 policiais civis da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil, estavam no local com seis viaturas, dois blindados participaram do procedimento. A área foi isolada para que as equipes da Core, da DHC, PMs da UPP do Lins, a avó, o namorado e os pais de Kathlen pudessem participar da simulação. Pouco antes da reprodução simulada, agentes da especializada atuaram na região para evitar confrontos durante a ação que durou cerca de três horas e meia.
Representantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ também acompanharam a simulação. O procurador da junta, Rodrigo Mondego, disse que a versão apresentada pelos dois PMs ouvidos contradiz a dinâmica relatada pela avó da jovem e vai contra análise feita sobre perícia da Polícia Civil.
A simulação tem como objetivo ajudar a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) a identificar da onde partiu o tiro que matou a jovem. A necropsia comprova que o disparo que atingiu a designer de interiores partiu de cima para baixo e do local onde os policiais estavam posicionados.
Moradores da comunidade Barro Vermelho, no Complexo do Lins, reafirmam que o tiro de fuzil que matou Kathlen Romeu partiu da PM. Eles usam o termo "cavalo de troia" para explicar a ação dos militares.
"Eles fizeram 'troia' para atacar os bandidos, mas acabaram matando uma inocente grávida (Kathlen estava no quarto mês de gestação). Eles estavam escondidos dentro de uma casa desde a manhã, por várias horas, esperando os bandidos aparecerem. Quando eles surgiram, os PMs atiraram de dentro dessa casa. Mas quem morreu foi a menina inocente. Foram dois tiros apenas. Não houve tiroteio", disse uma moradora da comunidade, que afirmou ter presenciado o momento.
Um dos dois policiais militares que participaram da operação foi hostilizado por moradores que acompanhavam de longe a reconstituição do crime. Usando roupas pretas, colete da Polícia Militar e uma balaclava para proteger a identidade, o PM precisou passar pelo cerco de proteção para mostrar a dinâmica do caso quando foi alvo de ataques de moradores: "Assassino, assassino. Justiça por Kethlen", gritaram.
Representantes da Secretaria de Estado de Vitimados (Sevit) estiveram no local durante a reprodução simulada para prestar suporte aos familiares de Kathlen. De acordo com o órgão, os parentes da jovem tem atendimento psicológico desde que o caso aconteceu.
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