Policiais fazem reprodução simulada da morte de Kathlen Romeu no Complexo do LinsFábio Costa/ O DIA

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Lucas Cardoso
Rio - A reconstituição da morte da jovem Kathlen Romeu, 24, começou por volta das 13h desta quarta-feira, na comunidade Barro Vermelho, no Complexo do Lins, Zona Norte do Rio. Cerca de 50 policiais civis da Coordenadoria de Recursos Especiais da (Core) da Polícia Civil, em seis viaturas, dois blindados participam do procedimento. Os parentes da designer, que estava grávida, também acompanham a simulação. A jovem foi morta com um tiro de fuzil, no dia 8 de junho, em uma ação da Polícia Militar na comunidade.
A área foi isolada pela equipe policial para que as equipes da Core, equipes da Delegacia de Homicídios da Capital, policiais militares da UPP do Lins, a avó, o namorado e os pais de Kathlen pudessem participar da simulação. Pouco antes da reprodução simulada, agentes da Core atuaram na região para evitar confrontos durante os trabalhos da DHC.
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Um perito da Polícia Civil faz registros da reconstituição do terraço de uma casa na rua onde ela foi atingida. Os policiais militares envolvidos na ação que vitimou Katlhen participaram da ação com toca ninja, colete e casaco preto. Em dado momento, ele desceu ao local onde Katlhen foi atingida e fez gestos como se mostrasse a dinâmica do caso aos peritos da Polícia Civil.
Antes de acompanhar a reconstituição, o namorado de Kathlen, Marcelo Ramos, 24, falou sobre o trauma de estar no local onde ela morreu. "Toda vez que eu passo por aqui é um trauma. O dia que ela foi assassinada eu que trouxe ela aqui pra rua, quando ela veio visitar a avó. Sempre que passo aqui é horrível, eu lembro do último beijo, do último abraço, do último tchau", disse o namorado.
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A escadaria (à esquerda) de onde o tiro que acertou Kathlen Romeu teria partido  - O Dia
A escadaria (à esquerda) de onde o tiro que acertou Kathlen Romeu teria partido O Dia
Segundo amigos de jovem que acompanham a reconstituição, no dia em que a designer morreu, ela vinha da casa da avó, no beco Vila Cabuçu, em direção a loja de uma tia. Quando estava na Rua Araújo Leitão, um disparo vindo do Beco do 14, uma escadaria que dá para a rua, atingiu a jovem. De acordo com os moradores, policiais militares estavam no local e teriam disparado.
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No momento, a equipe responsável parece focar os esforços em refazer os fatos que aconteceram no beco de onde partiu o disparo.
 
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Relembre o caso
Kathlen estava na comunidade para visitar parentes e foi atingida durante um tiroteio entre a Polícia Militar e traficantes, segundo a corporação. A jovem chegou a ser socorrida, mas, conforme a Secretaria Municipal de Saúde do Rio (SMS), não resistiu aos ferimentos e morreu logo após chegar ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, também na Zona Norte.

O porta-voz da PM, major Ivan Blaz, disse na ocasião que policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Lins foram atacados por traficantes. Segundo o porta-voz, os PMs foram os primeiros a chegar no local em que Kathlen estava. De acordo com ele, os militares afirmaram que não foram os responsáveis pelos disparos que mataram a jovem.
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No entanto, ao contrário do que alega a corporação, os moradores da comunidade Barro Vermelho, no Complexo do Lins, reafirmam que o tiro de fuzil que matou Kathlen Romeu partiu da PM. Eles usam o termo "cavalo de troia" para explicar a ação dos militares.
"Eles fizeram 'troia' para atacar os bandidos, mas acabaram matando uma inocente grávida (Kathlen estava no quarto mês de gestação). Eles estavam escondidos dentro de uma casa desde a manhã, por várias horas, esperando os bandidos aparecerem. Quando eles surgiram, os PMs atiraram de dentro dessa casa. Mas quem morreu foi a menina inocente. Foram dois tiros apenas. Não houve tiroteio", disse uma moradora da comunidade, que afirmou ter presenciado o momento.
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Segundo ela, os policiais só pararam de atirar após os gritos da avó da vítima, que foi atingida na Rua Araújo Leitão, por volta de 14h: "Logo depois dos tiros eu só vi a tia gritando: 'para, para, ajuda a socorrer'. Aí eles pararam de atirar. Eu fui ajudar e vi que a Kathlen tinha sido atingida", informou a moradora.
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Segundo a Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol), cinco dos 12 policiais que estavam na comunidade no momento em que Kathlen foi morta já foram ouvidos na DHC. Também foram apreendidas as armas do policiais militares: 10 fuzis calibre 7.62, dois fuzis calibre 5.56 e nove pistolas .40.