Rio de Janeiro - 14/07/2021 - Violência/ Rio de Janeiro - Polícia faz nesta quarta reprodução simulada da morte de Kathlen Romeu no Lins.policiais civis durante a reconstituição, na foto Saionara Oliveira, avó de Kathlen mostrando aos peritos da polícia civil Foto : Fábio Costa/ Ag.O DiaFábio Costa/Ag.O Dia

Rio - Um dos dois policiais militares que participaram da operação que resultou na morte de Kathlen Romeu, de 24 anos, foi hostilizado por moradores que acompanham de longe a reconstituição do crime na tarde desta quarta-feira. Usando roupas pretas, colete da Polícia Militar e uma balaclava para proteger a identidade, o PM precisou passar pelo cerco de proteção para mostrar a dinâmica do caso quando foi alvo de ataques de moradores: "Assassino, assassino. Justiça por Kethlen", gritaram. Um outro morador também gritou: "Quero ver você dormir tranquilo agora, assassino. Vai pagar por isso". 
"Polícia assassina, chega de chacina", gritaram amigos de Kathlen no momento em que os PMs se aproximaram do cerco. Os dois policiais foram os únicos dos 12 militares presentes na ação que confirmaram ter disparado no dia da morte da jovem, em 8 de junho, na Comunidade do Lins.
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A inspetora da polícia civil, Lilian Andrade, que participa da reconstituição, chegou a abordar os amigos de Kathlen para pedir que ninguém xingasse os policiais militares que participam do processo. Até às 14h30, a passagem do PM foi a única movimentação que aconteceu na rua onde Kethlen foi atingida. No momento, a equipe responsável parece focar os esforços em refazer os fatos que aconteceram no beco de onde partiu o disparo.
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Marcelo, namorado de Kathlen Romeu, contou que os parentes só estão acompanhando a ação e apenas a avó deve participar da reconstituição. Sayonara Oliveira chegou a passar mal enquanto aguardava ser acionada. A avó relembrou ainda que na hora que a neta foi atingida os policiais chegaram nervosos perguntando onde estavam os criminosos e não se preocuparam com o fato da jovem estar baleada.
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A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) teve acesso ao laudo cadavérico de Kathlen. Segundo a entidade, a necropsia comprova que o disparo que atingiu a designer de interiores partiu de cima para baixo e do local onde os policiais estavam posicionados.
A Comissão também destacou que há fortes indícios de fraude processual, já que a cena do crime teria sido desfeita antes da perícia chegar. As investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro sobre a circunstâncias da morte da jovem já apontavam fortes indícios de alteração na cena do crime, como a mudança na posição dos cartuchos no local. A informação foi divulgada pelo promotor do MPRJ junto à auditoria militar, Paulo Roberto Mello Cunha Júnior, durante o depoimento da avó de Kathlen, Sayonara Fátima, no último dia 29.
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*Estagiária sob supervisão de Cadu Bruno