Conselho de Ética da Câmara ouve novas testemunhas sobre o caso Gabriel MonteiroDivulgação/Câmara Municipal

Rio - A ex-assessora do vereador e youtuber Gabriel Monteiro (PL), Luiza Caroline Bezerra Batista, que acusou o parlamentar de assédio sexual, prestou depoimento na tarde desta terça-feira (31) ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal. O depoimento foi marcado pelo constrangimento da ex-funcionária por parte dos advogados de Monteiro. Bastante alterado, o parlamentar compareceu ao saguão onde a imprensa esperava os depoimentos e acusou os ex-assessores de conluio com o que chamou de "máfia do reboque". No início desta noite, Mateus Souza de Oliveira, que foi assessor do parlamentar também foi ouvido pelos vereadores, mas ao final do depoimento, ele e os membros do conselho saíram sem dar declarações. 

No momento que Monteiro se dirigia à imprensa, ele passou a constranger o repórter da TV Globo, Pedro Figueiredo: "(...) cadê essas mulheres que foram estupradas? Foram até para o 'Fantástico'. Né, senhor Pedro Figueiredo? O senhor entrevistou quatro mulheres. Cadê essas mulheres que foram estupradas? O senhor sabe senhor Pedro Figueiredo? O estupro é um crime bárbaro. É um crime que ninguém pode aceitar. Alguém sabe onde estão essas mulheres? O Conselho de Ética não chamou ninguém?", disse o vereador.

Após a saída da testemunha do depoimento, a ex-assessora disse ter recebido ameaças de morte pelas redes sociais. Ela também lamentou a atuação dos advogados durante o seu testemunho ao Conselho de Ética. "Infelizmente, foi uma coisa horrível", contou Luiza Caroline.
O presidente do conselho, Alexandre Isquierdo (União Brasil), negou que a testemunha tivesse sofrido constrangimento durante o depoimento, mas o vereador Wellington Dias, que integra a comissão, confirmou a denúncia de Luísa. "Chamou atenção que, em momento algum, os advogados defenderam ou falaram algo que pudesse nos ajudar a chegar a um juízo. O tempo todo acusaram e constrangeram as testemunhas", revelou Dias.

Conforme Isquierdo, os advogados que defendem o vereador Gabriel Monteiro são os mesmo que trabalham na casa do parlamentar e trabalhavam também com as testemunhas.
"Assim também era com o Vinícius. Eles têm um relacionamento de amizade. Em algum momento, a gente percebeu ela (Luiza) um pouco constrangida com o advogado e chefe de gabinete do Gabriel, mas ela não pediu que eles se retirassem", explicou o presidente do conselho.
A defesa de Gabriel Monteiro afirmou que, em momento algum, quis constranger os depoentes e que age dentro da técnica processual, com absoluto respeito às testemunhas, ao Conselho e ao processo. 

Casos de assédios moral e sexual

Durante o depoimento, Luiza relatou vários casos de assédio moral e assédio sexual:

"Ela relatou diversos casos de assédio moral no início e foi aumentando para um assédio sexual. Então, ela não trouxe nenhum fato novo em relação ao que tinha sido publicitado. Mas, relacionou como era feito. Ela morava e trabalhava na casa do vereador Gabriel Monteiro e ela dizia que não havia nenhuma pressão para isso. Era voluntário, tendo em vista que ela saía muito tarde e ela não recebia ajuda de transporte, então ela preferia trabalhar e dormir na casa do vereador", disse Isquierdo.
Reforço na segurança

A vereadora Teresa Bergher (Cidadania), presidente da comissão de direitos humanos, lamentou que Vinícius Hayden Witeze, morto neste fim de semana em um acidente de trânsito, não tenha tido tempo de oficializar o pedido de segurança à câmara. “Ele chegou a ligar para o meu gabinete, na sexta-feira, provavelmente antes de viajar. Acho muito importante que as testemunhas tenham reforço na segurança, principalmente as que se dizem ameaçadas”, disse Teresa. O conselho vai pedir cópia do inquérito sobre a morte do Vinícius.

De acordo com Isquierdo, as três testemunhas de acusação que já prestaram depoimentos relataram que têm recebido ameaças pelas redes sociais. “Todas as testemunhas relatam que são ameaças de fãs, ou supostos fãs ou fake de rede social”.

Na última quarta-feira (25), os vereadores ouviram os primeiros depoimentos de acusação que foram Vinícius Hayden Witeze e Heitor Nazaré Neto, dois ex-assessores de Monteiro. Na ocasião, eles confirmaram as acusações contra o vereador. O processo por decoro parlamentar pode levar à cassação do mandato de Monteiro. Ele responde a acusações de estupro, assédio sexual e de forjar vídeos para a internet.
Calendário das próximas oitivas do Conselho de Ética

01/06, às 13h – Uma testemunha de defesa e outra de acusação
02/06, às 13h e 18h – Duas testemunhas de defesa
03/06, às 13h - Duas testemunhas de defesa
07/06, às 13h e 18h - Duas testemunhas defesa
09/06, às 13h - Uma testemunha (procurador MPRJ)