Fachada do prédio da Seeduc, no Santo Cristo, apresenta rachadurasReprodução / Google Street View

Rio - A Defesa Civil estadual recomendou que o prédio utilizado pela Secretaria Estadual de Educação do Rio (Seeduc) seja interditado. O edifício, localizado no Santo Cristo, Zona Portuária, apresenta rachaduras em estruturas do seu interior e na fachada.
O órgão informou que, último dia 20, a equipe foi enviada para realizar a inspeção a pedido da Seeduc. Na visita, foi constatado "risco iminente e a necessidade de interdição do prédio". Com isso, a recomendação foi enviada à Defesa Civil municipal, órgão responsável por vistoria emergencial e parecer técnico.
No dia 22, os inspetores municipais vistoriaram o imóvel e realizaram uma interdição parcial de salas de uma das colunas do prédio. O laudo foi encaminhado à Empresa de Obras Públicas do estado (Emop).
As condições do edifício têm preocupado os funcionários. A Seeduc afirmou que, apesar da interdição ser parcial, todos os servidores estão trabalhando em home-office para "preservação da integridade física e emocional". Segundo a pasta, essa medida, que teve início no dia 29, será mantida até que a situação seja resolvida.
O Ministério Público do Rio instaurou um procedimento administrativo para apurar o caso e aguarda informações requeridas à Seeduc e à Defesa Civil. Além de duas comunicações enviadas para a Ouvidoria do órgão, a 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Proteção à Educação da Capital também recebeu uma representação da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
O ofício enviado pelo deputado estadual e presidente da Comissão de Educação da Alerj, Flavio Serafini, manifesta preocupação com o risco de ruptura nos pilares da infraestrutura do prédio. Além disso, informa sobre um parecer técnico realizado pela engenheira civil Raquel Gabriela Alves Campos, mestre em Estruturas e Materiais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
"Cabe ressaltar que o parecer orienta ser 'prudente que o prédio seja desocupado em função dos riscos mencionados', acrescentando a impossibilidade de monitorar o deslocamento e, deixando-nos apreensivos sobre a iminência do prédio cair, colocando em risco a vida dos servidores", diz o ofício.
O parecer técnico, assinado no dia 26 de outubro, apresenta diversas fotos das rachaduras no prédio, incluindo o piso térreo. A engenheira também utilizou fotos do Google Maps para mostrar que as trincas aparecem na fachada há, pelo menos, seis anos.
"Certamente ocorreu uma redistribuição de cargas na estrutura do prédio. Tal redistribuição pode ter elevado significativamente as cargas dos pilares vizinhos e de outros elementos da estrutura. Essa redistribuição implica em risco de ruptura brusca nos pilares sobrecarregados", explicou a engenheira.
"É prudente que o prédio seja desocupado em função dos riscos mencionados. O monitoramento de deslocamentos, embora fundamental, não assegura que não venha ocorrer uma aceleração brusca dos deslocamentos com perda de estabilidade da edificação", concluiu.
* Reportagem do estagiário Fred Vidal sob supervisão de Thiago Antunes