Oito acusados foram presos e encaminhados para a Cidade da Polícia, no Jacaré, na Zona Norte do RioMarcos Porto/Agencia O Dia
Polícia cumpre 19 mandados de prisão contra quadrilha que vende celulares roubados no Centro do Rio
Organização criminosa vendia entre 150 e 160 aparelhos por mês, por metade ou um terço do preço real. Oito pessoas foram presas
Rio - A Polícia Civil realizou, nesta quarta-feira (15), a operação Ligação Direta para desarticular uma quadrilha especializada na venda de celulares roubados, furtados ou adulterados. O objetivo era cumprir 19 mandados de prisão e 12 de busca e apreensão nos municípios do Rio de Janeiro, São Gonçalo, Duque de Caxias, Magé, Japeri, Nova Iguaçu, Mesquita e Arraial do Cabo, expedidos pela 2ª Vara Especializada da Capital. A ação encerrou com oito pessoas presas.
Os presos foram identificados como Samuel de Souza Galdino; Marcus César de Oliveira Mariath; Igor da Costa Basílio do Nascimento; Lucas dos Santos Miranda; Luís Cláudio de Oliveira Pereira; Gabriel Pereira Silva; Osvaldo Barbosa Santos; e Bruno Moreira de Souza. Eles foram encaminhados para a Cidade da Polícia, no Jacaré, Zona Norte do Rio. Um gabinete de computador e outros itens foram apreendidos durante a ação.
De acordo com o delegado da 5ª DP (Mem de Sá), Deoclécio Assis, responsável pelo caso, as investigações tiveram início depois que uma pessoa que comprou um aparelho roubado procurou a delegacia. Segundo as investigações, a quadrilha vem atuando desde 2018, e os integrantes têm contato direto com os criminosos que praticam os roubos ou furtos dos aparelhos. O titular explica que, além do prejuízo para as vítimas que perdem os aparelhos, quem compra também é prejudicado pelo quadrilha, já que pode acabar respondendo criminalmente.
"Essa organização vem atuando, mais especificamente, de 2018 para cá, e vem lesando várias vítimas, obtendo uma ligação direta com essas pessoas que subtraem esses aparelhos e levando prejuízo a outras vítimas, uma vez que esses aparelhos vão ser dados como perdidos. Mesmo que eles consigam desbloquear esse aparelho, ele sendo identificado como produto de crime, a pessoa que pagou por ele vai perder o aparelho, pode ser incriminada ainda, respondendo por receptação qualificada e a contribuição para essa escalada criminosa", explicou.
E completou: "Todos esses dezenove réus tem vastas anotações criminais, muitos deles já por receptação qualificada, ou seja, eles já atuam nessa receptação de telefone celular há bastante tempo. E aí fica a dúvida, ou a quase a certeza, de como esses indivíduos continuem em liberdade e que esses indivíduos não tem como estar em liberdade porque eles fazem da prática do crime um modo de vida. Nós conseguimos identifica-los, um a um, e o material probatório está bem robusto contra eles".
A operação foi desencadeada após uma denúncia de janeiro deste ano do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio (MPRJ), após investigações iniciadas em 2021. De acordo como Gaeco, os criminosos anunciavam celulares do modelo iPhone da marca Apple em um site de compras e marcavam o encontro para a venda em pontos movimentados da cidade, geralmente em estações do metrô no Centro do Rio.
No local, entregavam o aparelho com notas fiscais falsas e até fones de ouvido e carregadores para passar credibilidade aos compradores. A quadrilha fechava o negócio, inclusive utilizando maquininhas para pagamento em cartão. Os celulares eram todos roubados, furtados ou falsificados e estavam bloqueados. Quando as vítimas descobriam que haviam sido lesadas, não conseguiam mais fazer contato com os criminosos que anunciaram os aparelhos.
Ainda de acordo com a denúncia, o grupo usava, repetidamente, os mesmos modelos de nota fiscal e números de IMEI, o que ajudou as investigações a descobrirem que se tratava da mesma quadrilha. Por mês, a organização criminosa vendia entre 150 e 160 aparelhos, segundo levantamento feito com base nos registros de ocorrência, por metade ou um terço do preço real. Além disso, o grupo usava diferentes formas operacionais para lesar os compradores.
"Quando eles alcançavam um um telefone roubado que era do sistema Android, davam uma nova roupagem, colocavam só a carcaça de um telefone, por exemplo, da marca Apple, com o intuito de passar por um iPhone. Então a pessoa comprava um telefone contrafeito. Ele era um telefone, digamos assim, do sistema Android, parecendo um com sistema operacional mais moderno", explicou.
Segundo Assis, existem sinais claros de que o telefone que está sendo vendido pode ser produto de roubo ou furto.
"Ao comprar um celular sem nota fiscal, de procedência duvidosa, o cidadão pode estar cometendo o crime de receptação. Esse tipo de compra, que parece vantajosa pelo preço abaixo do praticado no mercado, alimenta toda uma cadeia criminosa e pode ter custado a vida de uma pessoa", alerta o delegado. "Fuja de sites duvidosos e perfis desconhecidos em redes sociais. Compre sempre em lojas confiáveis, com nota fiscal legal e garantia de procedência lícita", recomenda o delegado.
A operação desta quarta-feira conta com o apoio de várias outras distritais. Os integrantes da quadrilha presos vão responder pelos crimes de organização criminosa, estelionato e receptação qualificada. "Se for vítima de roubo ou furto, procure sempre a delegacia, para que o crime seja investigado e os autores sejam identificados e responsabilizados", completou o titular da 5ª DP.
Ainda de acordo com o delegado, a operação Ligação Direta vai continuar para capturar os outros 11 réus que não foram encontrados. A ação está sendo desencadeada na Capital, Grande Rio, Baixada e na Região Oceânica.
*Colaborou Brenda São Paio
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