Krav Maga: aula de defesa pessoal para mulheresPedro Ivo / Agência O Dia

Rio - Em situação de enforcamento, o resultado entre a vida e a morte pode ser definido a partir de ações simples, rápidas e que não exigem força física da vítima. Nesse caso, ao invés de tentar retirar as mãos do agressor do pescoço puxando-as pelos pulsos, o mais eficiente é afastá-las pelo polegares: ação que pode ser seguida por uma joelhada na genitália do agressor. É o que ensina o Krav Maga, técnica de defesa pessoal criada em Israel, nos anos 1940, e que foi trazida para o Brasil em 1990. 


Em comemoração ao mês da mulher, uma aula aberta e gratuita vai ensinar a como se livrar de situações de violência que podem acontecer dentro ou fora de casa. Além do enforcamento, as participantes vão aprender a se defender de uma série de outras agressões, como roubo de bolsa, puxão de cabelo e tentativa de estupro, entre outras.

As aulas terão duração de quatro horas e serão realizadas, entre os dias 10 e 13, em academias credenciadas junto à Federação Sul Americana de Krav Maga, em bairros como Centro, Méier, Bangu, Freguesia, Copacabana e na Baixada Fluminense. Para participar é preciso ter 16 anos, no mínimo. As inscrições podem ser feitas diretamente nos centros de treinamento, pelos site kravmaga.com.br/academias/.

"O objetivo da aula é mostrar às mulheres que há uma opção para se defender do agressor e que está disponível para todas, independente de idade ou força física. O Krav Maga é um técnica de defesa pessoal para neutralizar o agressor ao atingir seus pontos mais sensíveis, como olhos, garganta ou genitália", explica o Grão Mestre Kobi Lichtenstein, que trouxe a técnica para o Brasil.

Kobi explica que as técnicas que serão ensinadas envolvem casos em que o agressor tenta submeter a vítima à violência pela superioridade física, sem a utilização de arma. E podem ser aprendidas em pouco tempo:

"Até mesmo em 10 minutos a mulher pode aprender a sair de um agarramento, por exemplo, que pode ser o primeiro passo para levá-la ao chão e tentar estuprá-la. Em uma situação em que o homem está de frente para ela e a agarra pelo corpo, basta segurar a cabeça dele e empurrá-la para trás pressionando os polegares em seus olhos".

Por neutralizar o agressor sem necessidade de força física, o Krav Magá é mais procurado por mulheres do que as artes marciais. No Brasil, cerca de 30% dos alunos são do público feminino. Na última terça-feira, em uma aula com 10 pessoas na academia Top Defense, em Botafogo, quatro eram mulheres.

"Foram meus pais que me indicaram o Krav Maga por eu ser mulher, jovem e viver no Rio, que é uma cidade violenta. Eu me sinto muito mais confiante em estar na rua sabendo que, com o Krav Maga, tenho condições de escapar de uma situação de violência", diz Mel Vianna, de 18 anos, faixa laranja.

Já Tatiana Machado, de 33 anos, entrou na aula por sugestão do marido, que é engenheiro de petróleo e trabalha embarcado.

"Eu tinha vontade de fazer Krav Maga e achei que seria bom ela fazer também, porque ela acaba ficando muito tempo sozinha por causa do meu trabalho. Ela tomou gosto e hoje é faixa amarela, já passou na minha frente", diz Cassiano Barbosa, de 34 anos, faixa branca.

Em cerca de um ano de treinamento, Tatiana conta que se sente mais confiante ao andar na rua sozinha:

"O mínimo de autoconfiança eu já tenho. Acho que toda mulher deveria aprender".