Segundo a delegada, Quenia Gabriela Oliveira Matos de Lima, de dois anos, apresentava 59 sinais de tortura pelo corpoReprodução

Rio - A bebê de apenas 2 anos morta nesta quinta-feira (2) por tortura, em Guaratiba, na Zona Oeste, sofreu 59 lesões pelo corpo e já havia sido levada ao hospital com um ferimento na cabeça em novembro de 2022. Quênia Gabriela Oliveira Matos de Lima chegou sem vida à Clínica da Família Hans Jurgen Fernando Dohmann, no mesmo bairro, com vários sinais de violência no corpo.

O pai da criança, Marcos Vinicius Lino de Lima, e a madrasta, Patrícia André Ribeiro, foram presos em flagrante por homicídio qualificado.

Segundo a delegada Márcia Helena Julião, titular da 43ª DP (Guaratiba), há um registro de atendimento à Quênia em novembro do ano passado, na mesma clínica. Na ocasião, ela foi atendida pela médica Ana Cláudia Regert, também responsável por notificar o caso da morte da bebê à polícia.

À época, a menina foi levada à unidade pela madrasta, que se apresentou como mãe. Quênia estava com um corte de 5 cm no couro cabeludo e, para se justificar, Patrícia alegou que, enquanto cozinhava, uma louça caiu na cabeça da enteada e a cortou.
Mais de 59 lesões

Entre as lesões que levaram Quênia à morte, 17 estavam no abdômen, 16 no dorso, 12 no rosto, 7 nas pernas e 6 nos braços — totalizando 59 ferimentos. De acordo com Márcia Julião, a Polícia Civil foi acionada após receber a denúncia da médica, que relatou que a menina, trazida pelo pai, apresentava "sinais severos de violência", como queimadura no umbigo e fissura no ânus. A criança também não teria sido alimentada há pelo menos três dias.
O avô paterno de Quênia Gabriela afirmou que a neta foi abandonada pela mãe e era criada pelo pai e madrasta. A família paterna afirma ainda que não sabia que a menina era vítima de violência doméstica. Avô e tia estiveram no IML no início da tarde da última sexta-feira (10) para reconhecer e liberar o corpo da criança. Ainda não há informações sobre o sepultamento de Qûenia.
A família morava em Campo Grande até outubro do ano passado quando, em uma briga, Patrícia teria agredido o pai, a irmã e a avó de Marcos Vinícius, pai de Quênia. Em seguida, o casal mudou-se para a Praia da Brisa, em Sepetiba.
Segundo a tia da criança, Patrícia tratava a enteada como filha, mas seu temperamento mudou após engravidar e ter um filho. Além de Quênia, o casal vivia com o bebê de três meses que, segundo os familiares, foi encaminhado a um abrigo após a prisão dos pais.