Ivan Correia dos Santos, de 55 anos, estava internado em estado grave após ser atingido por um tiro nas costasArquivo Pessoal

Rio - O corpo de Ivan Correia dos Santos, de 55 anos, vítima de bala perdida durante uma ação da Polícia Militar na favela de Manguinhos, na Zona Norte, será enterrado nesta terça-feira (14) no Cemitério de Inhaúma, às 11h. O morador da comunidade morreu neste domingo (12) após duas semanas internado em estado grave no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio. De acordo com a Polícia Civil, os agentes envolvidos na ocorrência devem ser ouvidos novamente. Conforme instituição, o livro de cautela das armas dos policiais foi requisitado à PM, para a identificação dos armamentos utilizados na ação. O caso é investigado pela 21ª DP (Bonsucesso).

Segundo o filho da vítima, Iverton Gomes, a despedida do pai terá início às 9h. Ainda muito abalado, ele esteve no Instituto Médico Legal (IML) do Centro, nesta manhã (13) para fazer a liberação do corpo.
"Meu pai era um amor de pessoa, um bom pai, bom amigo, bom companheiro. Não só pra mim, mas para todo mundo que considerava ele e sabia da pessoa que ele era, trabalhador, de família. Ele era muito especial para mim e para a família toda. A falta que ele está fazendo só Deus sabe, ainda não conseguimos entender. Os lava-jatos da Leopoldo fecharam todos, estão todos em luto. Não tenho palavras para expressar a falta que ele está fazendo, ainda não conseguir acreditar", lamentou o filho.

Ivan foi atingido pelas costas durante uma ação da Polícia Militar na comunidade após sair do lava-jato onde trabalhava e parar em um bar com outro filho e a neta para comprar refrigerante. À reportagem do DIA, Iverton afirmou que após a internação, o pai pegou uma grave infecção na hospital por negligência médica e, por isso, não resistiu.

A direção do hospital, no entanto, informou que Ivan foi submetido a uma cirurgia abdominal ampla e delicada e, devido à gravidade do ferimento, apresentou comprometimento de alguns órgãos e complicações. "Nas duas semanas em que esteve internado no CTI da unidade, recebeu todos os cuidados indicados, mas infelizmente não resistiu", disse a unidade, em nota.

Relembre o caso

Segundo Iverton Gomes, o pai tinha fechado o lava-jato onde trabalha e seguido para um bar da comunidade com a neta de 8 anos e outro filho para comprar refrigerante quando foi baleado.

Ele explicou que próximo ao estabelecimento, há um viaduto, de onde, segundo ele, moradores contaram que agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) atiraram, alegando que haviam sido atacados por suspeitos.

De acordo com testemunhas, o morador da comunidade estava debruçado na mesa de sinuca do bar, quando um tiro atingiu suas costas e saiu pelo seu abdômen. Pouco depois, de acordo com os moradores, os policiais continuaram atirando com direção à favela, quando os traficantes da região revidaram, dando início a um confronto. Segundo o filho, os PMs só prestaram socorro ao pai aproximadamente 25 minutos depois, quando moradores se aglomeraram no local.

Segundo o comando do Bope, equipes realizavam patrulhamento pela Rua Leopoldo Bulhões, na altura de Manguinhos, quando foram atacadas por disparos de arma de fogo. "Cessados os disparos, os policiais encontraram um homem ferido e o socorreram ao Hospital Souza Aguiar. Os familiares da vítima foram conduzidos pelos militares à 21ª DP para registrar o ocorrido", disse a PM.