Caso está sendo investigado pela 16ª DP (Barra da Tijuca)Reprodução/ Google Maps

Rio - O cirurgião plástico Heriberto Ivan Arias Camacho, acusado de negligência na morte da empresária Lindama Benjamim de Oliveira, é aguardado para depor na 16ª DP (Barra da Tijuca) nesta quinta-feira (16). Agentes ouvirão pela primeira vez o médico que também é investigado por um suposto erro cometido no ano passado, que levou à morte uma outra mulher.
O delegado Ângelo Lages, titular das investigações acerca da morte de Lindama, explicou que ainda é cedo para identificar um possível crime cometido pelo cirurgião. Há a possibilidade de Heriberto ter praticado dolo eventual, quando assume o risco de atingir um certo resultado, ou homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
"A investigação é muito recente e acontece exatamente para poder definir a conduta dele para ver se ele vai ser indiciado por homicídio culposo ou doloso. A gente pretende fazer isso no final da investigação depois de juntada todas as provas, evidências e oitivas de testemunhas", disse o delegado.
A família da vítima alega que houve uma demora no socorro da empresária que deu entrada na Clínica Vitée Cirurgia Plástica e Estética, na Barra da Tijuca, na última sexta-feira (10) depois de realizar procedimentos estéticos, como lipoaspiração na barriga e nas costas e enxerto nos glúteos, no local um dia antes. De acordo com familiares, Lindama começou a ter complicações às 9h e só foi levada para o Hospital Semiu, na Vila da Penha, Zona Norte, às 23h30 já em estado grave.
O atestado de óbito confirmou que ela morreu de uma perfuração do intestino e hemorragia. A empresária morreu no caminho para a unidade hospitalar da Zona Norte. O fato chamou a atenção dos investigadores e também será analisado no inquérito.
"Vamos precisar aguardar o o resultado do laudo cadavérico e o acesso ao prontuário médico dela para começar a montar esse quebra-cabeças e entender o que aconteceu dentro da clínica. No que tange a transferência, é uma coisa que chama atenção. Com tantos hospitais espalhados pela Barra, você tirar uma paciente em estado grave para levar para a Vila da Penha é uma coisa que não seria, em uma prestação de socorro, o mais ideal. É contraproducente você percorrer toda essa distância com alguém com estado de saúde precário. A gente vai precisar avaliar. Segundo a irmã da vítima, ela já chegou morta. É algo que vamos levar em consideração", completou o delegado.
Em nota, a defesa do médico se solidarizou com a família e garantiu que a equipe médica da clínica aplicou todas as técnicas possíveis para reverter o quadro de Lindama.
Prisão e clínica fechada
Policiais da 16ª DP prenderam, nesta segunda-feira (13), o responsável pela clínica, onde foram realizados os procedimentos estéticos que causaram a morte de Lindama. O responsável técnico vai responder por crime contra as relações de consumo. De acordo com as investigações, o local não tinha alvará para realizar esse tipo de procedimento. Por conta disso, a equipe da 16ª DP, que investiga o caso, e agentes da Vigilância Sanitária interditaram o estabelecimento.
Em uma ação da Delegacia do Consumidor (Decon), os policiais também constataram várias irregularidades, como produtos e aparelhos insuficientes para reversão de paradas cardiorrespiratórias e incapacidade para atendimentos de suporte à vida decorrente de complicações cirúrgicas.