Jean Jerry foi atingido por bala perdida na comunidade do Faz Quem Quer na noite deste sábado (18)Reprodução/Redes Sociais

Rio - A Polícia Militar garantiu que não houve confronto com policiais militares no dia em que o adolescente Jean Jerry, de 16 anos, foi atingido por uma bala perdida na comunidade Faz Quem Quer, em Rocha Miranda, na Zona Norte do Rio. O jovem chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.
Segundo a PM, agentes do 41º BPM (Irajá) não entraram em confronto com criminosos na noite deste sábado (18), dia em que o menino foi atingido por disparo de arma de fogo. A corporação ressaltou que os agentes souberam do acontecimento apenas quando foram abordados, em Irajá, por um motorista de um automóvel a fim de prestar socorro ao filho que havia sido ferido após um ataque de homens armados.
Na ocasião, Jean estava no carro de seu padrasto, identificado apenas como Marcelo. De acordo com o homem, um outro veículo passou correndo próximo a eles e disparos foram ouvidos em seguida. Logo depois, Marcelo percebeu que o enteado havia sido atingido.
"Não se sabe o que aconteceu. Veio um carro 'voado', uns barulhos de tiro e quando fui ver, ele estava baleado. Eu não vi polícia, não vi criminosos, eu só ouvi barulho de tiros. O Jean estava comigo dentro do carro", contou ele.
A PM ressaltou que os policiais, logo depois de saberem do ferimento, prestaram apoio à vítima e conduziram o veículo até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Irajá, onde o jovem foi socorrido. Posteriormente, o menor foi transferido para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu aos ferimentos.
Segundo a Polícia Civil, o caso foi registrado na 40ª DP (Honório Gurgel) e transferido para à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). "Diligências estão em andamento para esclarecer todos os fatos", disse a instituição.
A comunidade Faz Quem Quer sofreu nos últimos anos com a disputa territorial entre as facções Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando Puro (TCP). A primeira domina o tráfico de drogas da região atualmente.
Pureza definia adolescente
Familiares de Jean Jerry estiveram na manhã desta segunda-feira (20) no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro, para liberação do corpo. Ainda não há informações sobre o seu sepultamento. O padrasto do adolescente contou que ele ocupava essa função na família desde que o menino tinha 2 anos. Segundo Marcelo, Jean era bastante ativo, frequentava a igreja e era atleta de vôlei.
"Ele era querido, bom, todo mundo gostava dele, tem vários coleguinhas passando mal. Era um garoto para frente, tinha sonhos como todo adolescente tem, sonhos bons. Fazia catecismo, crisma. Tudo o que estão falando dele é o que ele é e até mais. Gostava de ajudar os outros, gostava de conversar com adultos, aprender. Era um garoto puro, realmente ele era puro", lamentou Marcelo.
Nas redes sociais, o Nova Era Vôlei, time do Grêmio Social Esportivo de Rocha Miranda por onde a vítima jogou antes de ir para o Fluminense, lamentou sua morte. "Com profundo pesar, nosso, sempre será nosso, atleta Jean Jerry veio a óbito na noite deste sábado. O Nova Era Vôlei se solidariza com toda família e amigos nesse trágico e triste momento. Que nosso querido Jean siga um caminho de luz! E que todos possam buscar conforto em suas crenças", diz a publicação.
O Centro Integrado de Educação Pública (CIEP) 339 Mario Tamborindeguy, onde a vítima estudava, também se manifestou "Com muito pesar, comunicamos o falecimento de nosso querido aluno Jean Jerry, se solidarizando com todos amigos e a família", escreveu a instituição. O curso de idiomas que o jovem frequentava publicou uma nota de pesar. "Lamentamos profundamente a notícia sobre o falecimento do nosso querido aluno Jean Jerry. Que Deus conceda muita força toda a família neste momento de dor. Um garoto bom, estudioso e que, certamente, sentiremos muita falta".