Rio – Policiais da 9ª DP (Catete) prenderam, nesta segunda-feira (20), Antônio Sérgio Oliveira Cassemiro, acusado de participar do sequestro da idosa Maria Aparecida de Paiva, de 65 anos, no bairro Catete, Zona Sul, e interná-la à força em uma clínica psiquiátrica em Petrópolis, Região Serrana do Rio. Ele não resistiu à prisão.
Antônio Sérgio foi capturado no Cachambi, na Zona Norte, no momento em que estava dirigindo a sua ambulância na Rua São Gabriel, sentido Jacarepaguá, após informações obtidas por monitoramento do setor de inteligência da unidade. Contra o homem havia um mandado de prisão expedido pela 17ª Vara Criminal.
As investigações provaram que foi ele o motorista quem dirigiu, do Rio de Janeiro até a clínica psiquiátrica em Petrópolis, a ambulância de propriedade de sua empresa Consult Saúde e Emergências Médicas. As investigações continuam para identificar e prender o outro envolvido no crime.
Patrícia de Paiva Reis, de 35 anos, filha da vítima, foi presa ao lado do companheiro, Rafael Machado de Costa, de 41, em um apartamento na Zona Sul do Rio, em 24 de fevereiro de 2023, por serem apontados como os mandantes do crime.
As investigações indicam que Maria não tinha nenhuma doença ou necessidade terapêutica, mas ainda assim foi mantida contra sua vontade em duas clínicas particulares: a Vista Alegre, no bairro Corrêas, e a Revitalis, localizada na Estrada Bernardo Coutinho, no distrito de Araras. Ambas foram interditadas pela Polícia Civil, em 25 de fevereiro, e são investigadas por terem sido usadas para a prática do crime de sequestro qualificado. Os estabelecimentos foram liberados para funcionar no dia 9 de março.
À época, o delegado Felipe Santoro, titular das investigações da 9ª DP, explicou que ficou proibida a admissão de novos pacientes e ficou determinado que todos os internados fossem transferidos para estabelecimentos similares. Os profissionais das duas clínicas também são investigados.
"Vamos apurar a conduta dos médicos, funcionários, enfermeiros e diretores das duas clínicas que mantiveram a idosa internada por esses longos 17 dias", explicou Santoro.
Segundo a investigação da Polícia Civil, a idosa foi internada no dia 6 de fevereiro de 2023, após ser abordada pela própria filha na saída de uma agência bancária. Assim que a filha saiu, a mulher foi colocada dentro de uma ambulância por dois homens. Na ocasião, em depoimento aos policiais, a idosa disse que acreditou que estava sendo vítima de um crime de "saidinha de banco", ou sequestro relâmpago, mas percebeu que o fato acontecia a mando de sua filha, já que um dos criminosos disse que "era coisa de família".
Maria Aparecida revelou ainda que, logo após sua internação, sua filha teria alugado seu apartamento para um período de feriado de Carnaval. "Isso é tão envolvido no dinheiro, que no dia que ela me colocou na clínica, ela tinha pago duas faxineiras e alugado meu apartamento para o feriado de Carnaval", contou.
Patrícia já teria tentado, sem sucesso, internar a mãe em outra ocasião. Na data em questão, ela passou por atendimento do Samu, mas a equipe médica de socorro negou que a mãe da vítima tivesse sinais de problemas psiquiátricos, por isso a internação não se justificava.
Os agentes chegaram ao caso após denúncias anônimas de que uma idosa lúcida e sem nenhuma doença física ou mental estava sendo mantida em privação de liberdade em uma clínica. Os policiais foram ao local e resgataram a vítima.
Patrícia teria cometido o crime para forçar a idosa a retirar queixa de maus-tratos contra os dois netos, de 2 e 9 anos, na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav).
A denúncia poderia provocar a perda da pensão que Patrícia recebe do ex-marido, pai dos filhos, pela guarda das crianças.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.