O caso está sendo investigado pela 9ª DP (Catete)Vanessa Ataliba/Agência O Dia

Rio - A Polícia Civil prendeu, nesta sexta-feira (24), um mulher suspeita de sequestrar e internar a própria mãe, a idosa Maria Aparecida de Paiva, de 65 anos, em uma clínica psiquiátrica em Petrópolis, na Região Serrana. De acordo com agentes da 9ª DP (Catete), Patrícia de Paiva Reis, de 35 anos, foi presa ao lado do companheiro, Rafael Machado de Costa, de 41, genro da vítima, em um apartamento na Zona Sul do Rio. 

As investigações indicam que a Maria não tinha nenhuma doença ou necessidade terapêutica, mas foi mantida contra sua vontade na unidade particular de saúde. A suspeita teria cometido o crime para forçar a idosa a retirar queixa de maus-tratos contra os dois netos, de 2 e 9 anos, na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV).
A denúncia poderia provocar a perda da pensão que Patrícia recebe do ex-marido, pai dos filhos, pela guarda das crianças. Segundo a investigação da Polícia Civil, a idosa foi internada no último dia 6 deste mês, após ser abordada pela própria filha na saída de uma agência bancária. Assim que saiu, a mulher foi colocada dentro de uma ambulância por dois homens. 
Em entrevista ao RJTV 2, da TV Globo, a idosa falou sobre a conduta da filha e disse lamentar toda a situação: "Fiquei desesperada, gritando, gritando. Me deixaram trancada em um quarto por três dias (...). Ela ficou com raiva porque denunciei ela por maus tratos aos meus netos. Ela não aceita esse tipo de coisa (...). Eu fico muito triste. Nunca pensei que isso fosse acontecer.", comentou. 
Em depoimento aos policiais, a idosa acreditou estar sendo vítima de um crime de “saidinha de banco” ou sequestro relâmpago, mas percebeu que o fato acontecia a mando de sua filha, já que um dos criminosos disse que “era coisa de família”.
Maria Aparecida revelou ainda que logo após sua internação, no último dia 6, sua filha teria alugado seu apartamento para um período de feriado de Carnaval. "Isso é tão envolvido no dinheiro, que no dia que ela me colocou na clínica, ela tinha pago duas faxineiras e alugado meu apartamento para o feriado de carnaval", contou.
Patrícia já teria tentado, sem sucesso, internar a mãe em outra ocasião. Na data em questão, ela passou por atendimento do Samu, mas a equipe médica de socorro, negou que a mãe da vítima tivesse sinais de problemas psiquiátricos, por isso a internação não se justificava.
O delegado Felipe Santoro, titular da 9ª DP, explicou ainda que as investigações também tentam confirmar se houve algum conluiou entre os médicos da clínica psiquiátrica e a filha da vítima. "A idosa é extremamente lúcida. Não foi relatado em nenhum prontuário de qualquer tipo de problema psiquiátrico e mesmo assim a mantiveram internada por 17 dias. O que é inaceitável. Agora vamos apurar se houve um conluio entre os médicos com a Patrícia e o Rafael para a internação da idosa", disse em entrevista ao RJTV.
Os agentes chegaram ao caso após denúncias anônimas de que uma idosa lúcida e sem nenhuma doença física ou mental estava sendo mantida em privação de liberdade em uma clínica. Os policiais foram ao local e resgataram a vítima.