Familiares do menino morto após cair de janela do prédio estão no IML de Campo Grande para liberação do corpo. Reginaldo Pimenta

Rio - O menino Heitor Gabriel dos Santos Ferreira, de 4 anos, que morreu após cair da janela de um prédio em Bangu, na Zona Oeste do Rio, será enterrado nesta quinta-feira (23) no Cemitério do Murundu, em Padre Miguel, na mesma região. A família esteve no Instituto Médico Legal de Campo Grande nesta quarta (22) para liberar o corpo.

O corpo de Heitor saiu do IML com destino à funerária São João Batista por volta das 15h. Os familiares, ainda abalados, não quiseram falar com a imprensa.


O incidente aconteceu por volta das 4h da última terça (21). Heitor chegou a ser socorrido ao Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, mas não resistiu aos ferimentos. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a criança chegou à unidade com vida, mas teve uma parada cardiorrespiratória e morreu no local.

Em uma postagem nas redes sociais, a irmã da criança, Sara Ferreira, disse que ela e a mãe estavam dormindo em uma outra residência porque iam trabalhar cedo. Elas só souberam do ocorrido horas depois do acidente. De acordo com ela, Heitor estava na casa da tia, Marcelle dos Santos Vicente, de 18 anos.

"Minha mãe está arrasada, eu estou arrasada, todos que conhecem e gostam do meu irmão estão tristes e estão tendo empatia pela dor da gente. Nesse momento, só peço oração. Que Deus consiga confortar nossos corações e agradeço por cada mensagem de apoio. Nada que eu faça, nem minhas súplicas, nem se eu dobrar meu joelho no chão, vai trazer meu irmão de volta. Ele me chamava de vida. Saber que eu vi ele e não pude me despedir. Saber que ele não vai ter a vida que eu imaginava pra ele. Ele só tinha quatro aninhos. Te amarei eternamente, Heitor Gabriel", escreveu Sara.

Investigação

De acordo com o delegado Luiz Henrique Ferreira, da 34ª DP (Bangu), que investiga o caso, até esta quarta-feira (2) todas as testemunhas foram ouvidas e a polícia espera apenas o resultado do laudo da perícia para concluir o inquérito.

O acidente aconteceu enquanto Heitor estava na casa da tia na Comunidade do Conjuntão, em Bangu. Marcelle responderá pelo crime de homicídio culposo, quando não há intenção de matar. O menino morreu depois de escalar um sofá que estava embaixo da janela.

"Essa 'mãe' vai ser muito possivelmente indiciada por homicídio culposo. A lei penal impõe a ela o dever de cuidado e de cautela especial. Considerando que a criança já era agitada, era totalmente previsível que o sofá sobre a janela ia facilitar para ele se debruçar na janela. O inquérito vai ser encaminhado à Justiça. O crime corresponde a uma pena de até três anos de detenção por homicídio culposo. Se o juiz decidir que a perda do filho por si só já é uma pena severa para a 'mãe', ele pode deixar de aplicar qualquer outro tipo de pena de privação de liberdade porque vai se perder a finalidade", explicou o delegado.

Ainda segundo o delegado, a investigação concluiu que o acidente foi uma fatalidade e que não houve abandono de incapaz com resultado de morte. A relação entre Marcelle e Heitor era de mãe e filho. De acordo com testemunhas, a mulher correu logo para a rua quando foi avisada da queda do sobrinho. Em seu depoimento, Marcelle contou que deixou a janela aberta por causa do forte calor e foi dormir junto com a criança.

"Ouvimos testemunhas, pedimos perícia e assistimos alguns vídeos da 'mãe' com a criança. É uma 'mãe' adotiva de 18 anos e essa criança veio a falecer ao cair do quarto andar. É um apartamento recém-alugado e pouco mobiliado. Foi o primeiro dia que a criança dormiu com a ‘mãe’. Ela é uma 'mãe' com pouca experiência e a criança, durante a madrugada, subiu no sofá. Não havia grade na janela. Ele veio se desequilibrar e cair. A 'mãe' foi avisada por conhecidos da rua. Ela desceu correndo. Temos essa confirmação. Então está descartada qualquer hipótese de abandono de incapaz com resultado morte", completou o delegado.