Imóvel da Cruz Vermelha Brasileira avaliado em R$ 47 milhões está com leilão marcado para sexta-feira (24)Pedro Ivo/ Agência O DIA

Rio - O prédio da Cruz Vermelha Brasileira, no Centro do Rio, está com leilão marcado para a próxima sexta-feira (24), mas o setor jurídico da organização tenta impedir a venda do imóvel. O leilão foi determinado nos autos de um processo que corre na 20ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro para o pagamento de uma dívida trabalhista.

O imóvel foi avaliado em R$ 47 milhões e tem como lance mínimo R$ 23,5 milhões. A primeira rodada deste leilão foi realizada no dia 10 de março, mas não obteve lances.


O secretário geral da Cruz Vermelha Brasileira, Ricardo Braz, afirma que a instituição tenta impedir o leilão. "Nosso jurídico está debruçado sobre esse processo para ver como equacionar. Estamos tentando resolver", afirmou.

Braz diz que não é possível adiantar o que acontecerá com as atividades da Cruz Vermelha com a perda do prédio, mas garante que as ações da casa não serão afetadas. "A gente só vai ter noção mais ampla das consequências após o leilão. Quando e se executado, veremos as providências que podem ser tomadas", explica.

A Cruz Vermelha Brasileira tem um escritório em Brasília, enquanto que a filial do Estado do Rio funciona em um outro prédio, na Avenida Henrique Valadares, no Centro. "Independentemente do que aconteça, as ações da Cruz Vermelha não serão afetadas. A nossa base é o nosso voluntariado", frisa Ricardo Braz.

Em um recurso no qual a organização contestava o leilão por tratar-se de um imóvel tombado, a juíza do trabalho Aline Maria Leporaci Lopes negou o pedido e criticou que a instituição não tenha garantido o pagamento do crédito ao ex-empregado no processo que remete ao ano de 2003. No ano de 2012, a dívida trabalhista do processo em questão era de R$ 105,3 mil.

"A ré não apresentou qualquer impugnação ou manifestação quando devidamente intimada para ciência da penhora. Logo, rejeito a impugnação nesse aspecto. (...) Ademais, considerando-se a natureza alimentar do crédito apurado nos autos, que, diga-se, refere-se a processo do ano de 2003, e que até o presente momento a ré sequer indicou uma forma objetiva de adimplemento da parcela devida a seu ex-empregado, mantenho o leilão designado", anotou a juíza em despacho de 10 de março.
Foram intimados a se manifestar no processo a União, o Estado e o Município do Rio de Janeiro. O leilão será presidido pelo leiloeiro público Renato Guedes Rocha.

História

A Cruz Vermelha Brasileira foi idealizada em 1907 por Joaquim de Oliveira Botelho, que inspirou-se no exterior e quis fundar uma Sociedade da Cruz Vermelha junto a profissionais da Saúde no Rio de Janeiro. Em reunião realizada em 5 de dezembro de 1908 foram discutidos e aprovados os estatutos da Sociedade. A data ficou consagrada como a de fundação da Cruz Vermelha Brasileira, que teve como primeiro presidente o sanitarista Oswaldo Cruz.

O registro e o reconhecimento da entidade nos âmbitos nacional e internacional se deu nos anos de 1910 e 1912, sendo que a I Guerra Mundial (1914-1918) constitui-se decisiva para a instituição.

A organização é reconhecida pelo governo brasileiro como sociedade de socorro voluntário, autônoma, auxiliar dos poderes públicos e, em particular, dos serviços militares de saúde, bem como única sociedade nacional da Cruz Vermelha autorizada a exercer suas atividades em todo o território brasileiro.